Há uma nova adolescente russa a surpreender em Wimbledon

Chama-se Mirra Andreeva, tem 16 anos, e está pela primeira vez nos oitavos-de-final de um torneio do Grand Slam.

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Mirra Andreeva Reuters/ANDREW COULDRIDGE
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É apelidada por alguns como a nova Maria Sharapova, mas os mais velhos poderão também lembrar-se de Anna Kournikova quando vêem Mirra Andreeva em acção nos courts do All England Club. É que foi com a mesma idade da compatriota, 16 anos, que ambas se estrearam com estrondo em Wimbledon. Tal como no último torneio que disputou, Roland Garros, Andreeva ultrapassou o qualifying para irromper pelo quadro principal do torneio britânico, onde estabeleceu um melhor registo em provas do Grand Slam, ao alcançar os oitavos-de-final.

Andreeva figura no 102.º lugar do ranking mundial, com 12 torneios contabilizados e ainda está limitada no número de participações em torneios WTA devido à idade. “Penso que sou uma teenager normal, faço o que as raparigas da minha idade fazem: gosto de ver séries, tenho a escola (mais dois anos e já está), outras vezes prefiro estar sozinha. Às vezes, consigo ser uma criança e queixo-me muito sobre alguma coisa, mas no court só penso em ténis”, afirmou a russa, após somar a sexta vitória consecutiva em relva, diante de Anastasia Potopova (23.ª), por 6-2, 7-5, num dia especial, o do aniversário do avô, que assistiu pela televisão desde Krasnoyarsk, na Sibéria.

Depois de uma passagem por Sochi, para desenvolver o seu jogo, Mirra e a sua irmã Erika – 19 anos e 149.ª no ranking – trocaram o Sul da Rússia pelo da França, onde treinam na Academia de Jean-René Lisnard e Jean-Christophe Faurel, frequentada também por Daniil Medvedev. “Tínhamos duas opções: a Rafa Nadal Academy ou Cannes. Decidimos ir para Cannes, porque era mais perto”, explicou Andreeva.

Depois de duas rondas consecutivas sem perder um set, Andreeva recusa pensar mais alto, embora a conquista do título depois de passar pela fase de qualificação não fosse tarefa inédita; em 2021, Emma Raducanu venceu o US Open depois de passar pelo qualifying. “Tento não pensar nisso, penso que esses pensamentos irão perturbar-me. Tento apenas jogar cada ponto, não interessa frente a quem, em que ronda”, frisou a teenager, que terá como próxima adversária Madison Keys (18.ª).

Pela primeira vez nos quartos-de-final está Iga Swiatek. No primeiro encontro em toda a carreira em que disputou mais que um tie-break, a líder do ranking mundial precisou de três horas e salvar dois match-points para ultrapassar a suíça Belinda Bencic (14.ª), por 6-7 (4/7), 7-6 (7/2) e 6-3.

As dificuldades deverão continuar já que a polaca terá agora pela frente Elina Svitolina (76.ª). No duelo entre duas mães, a ucraniana venceu a antiga número um mundial, Victoria Azarenka (20.ª), por 2-6, 6-4 e 7-6 (11/9). “Depois de ter dado à luz a minha filha, este o segundo momento mais feliz da minha vida”, revelou Svitolina, que, como é habitual, não cumprimentou as adversárias bielorrussas (ou russas).

Andrey Rublev (7.º) foi forçado a disputar cinco sets pelo cazaque Alexander Bublik (26.º), que lhe tinha ganhado há duas semanas na final de Halle, em relva. Rublev dispôs de dois match-points no terceiro set, em cujo tie-break liderou por 5-3, mas só se impôs por 7-5, 6-3, 6-7 (6/8), 6-7 (5/7) e 6-4. A determinado momento, o imprevisível Bublik serviu por baixo – uma opção já habitual nele – e salvou um match-point com um segundo serviço a 216 km/h.

Com esta vitória, Rublev detém 73,1% de sucesso na relva, só atrás de Novak Djokovic (86%) e Carlos Alcaraz (84,6%) e fez o pleno de quartos-de-final nos majors – entre os jogadores em actividade, apenas 10 se podem orgulhar disso.

Nos "quartos", Rublev vai defrontar o vencedor do embate entre Novak Djokovic (2.º) e Hubert Hurkacz (18.º), interrompido devido ao impedimento de se jogar após as 23 horas. O sérvio ganhou os dois sets realizados, ambos no tie-break: 7-6 (8/6), 7-6 (8/6). Hurkacz continua sem perder um jogo de serviço no torneio, mas, no primeiro tie-break desaproveitou a vantagem de 6/3 e, no segundo, serviu a 5/4, salvou um set-point a 5/6, e, a 6/7, cometeu o 24.º erro não forçado.

O outro semifinalista da parte inferior do quadro, será decidido entre Jannik Sinner (8.º) e Roman Safiullin (92.º). Sinner derrotou o colombiano Daniel Elahi Galan (85.º), por 7-6 (7/4), 6-4 e 6-3, e somou a 36.ª vitória em 2023 – igualando o máximo de encontros ganhos por um tenista italiano na primeira metade da época de Adriano Panatta, em 1973.

Sinner é também o primeiro italiano a atingir por mais que uma vez os quartos-de-final em Wimbledon e o oitavo na Era Open a fazê-lo em anos consecutivos antes dos 21 anos, juntando-se a Rafael Nadal, Andy Roddick, Pete Sampras, Boris Becker, Tim Mayotte, Bjorn Borg e Jimmy Connors.

Já Roman Safiullin tornou-se no 12.º tenista estreante em Wimbledon a chegar aos quartos – e o primeiro desde Nick Kyrgios em 2014 –, ao derrotar o canadiano Denis Shapovalov (29.º), por 3-6, 6-3, 6-1 e 6-3.

Nos pares, Francisco Cabral e o parceiro brasileiro Rafael Matos começaram bem, derrotando a dupla britânica Liam Broady/Jonny O'Mara, por 7-5, 6-4. Na segunda ronda, Cabral e Matos terão como adversários os croatas Nikola Mektic e Mate Pavic, cabeças de série n.º 9.

Notícia corrigida às 15h20, substituindo quartos-de-final por oitavos-de-final na prestação de Andreeva

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