Dança
Cratera: a ecologia e as pessoas, vulcões que dão e tiram
O novo espectáculo da companhia CiRcoLando, de André Braga e Cláudia Figueiredo, parte de residências na ilha do Fogo, em Cabo Verde, e está no Teatro Nacional São João, no Porto, até domingo.
Em 2016, a CiRcoLando - Central Eléctrica, de André Braga e Cláudia Figueiredo, estreou Climas, peça sobre a emergência climática e “o desígnio goethiano de ‘reintegrar o céu na paisagem humana’”. Sete anos depois, eis Cratera. “No centro deste novo projecto, encontramos as propostas da Geopoética e de autores como Michael Taussig ou David Abram, que trazem o debate das questões ecológicas para um plano mais micro, ligado às pessoas, à sua sensibilidade e imaginário. A paisagem vulcânica, fecunda e ao mesmo tempo arrasadora, é o território de pesquisa eleito”, resume a sinopse do novo espectáculo da companhia portuense, criado a partir de residências na ilha do Fogo, em Cabo Verde.
“A partitura coreográfica de Cratera vai desenrolando-se pendularmente, num constante equilíbrio e desequilíbrio entre uma dimensão mais sensorial e outra mais racional. (...) Corpos a fluir na sua própria interioridade e fisicalidade, como que a emular o magma da terra; a dançar quase no vazio, na memória de um ‘diário de uma expedição’ a que vamos tendo acesso através de filmagens projectadas em palco”, escreveu a jornalista Mariana Duarte no Ípsilon, a propósito da estreia de Cratera no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra, (16 de Junho).
Este espectáculo é uma “criação entre a dança, o teatro, o vídeo e o som” — sendo que, no que a som diz respeito, há uma altura da peça em que se ouve um residente na ilha do Fogo a resumir, de forma bastante simples e completa: “O vulcão dá, o vulcão tira.” Cratera também já passou pelo São Luiz, em Lisboa. Neste momento, está no Teatro Nacional São João. A primeira apresentação nesta sala portuense aconteceu na quinta-feira, 6 de Julho, e há sessões diárias até domingo (9).