Contra o envio de nudes indesejadas, Instagram quer travar mensagens de desconhecidos

A funcionalidade ainda está a ser testada, mas as mensagens vão estar limitadas entre pessoas que não se seguem mutuamente até se aceitar um convite — só depois se podem enviar vídeos e imagens.

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O Instagram vai impedir que utilizadores recebam conteúdo indesejado por pessoas que não seguem Pexels
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É a forma que o Instagram encontrou para impedir que os utilizadores recebam conteúdo indesejado por parte de pessoas que não seguem: o envio de fotos e vídeos vai estar limitado entre pessoas que não se seguem mutuamente. Para enviar vídeos, mensagens de voz ou fotografias — e aqui incluem-se as nudes não solicitadas — vai ser preciso que a pessoa que vai receber as mensagens aceite um convite. A conversa só começa depois.

Esta funcionalidade ainda está a ser testada pela Meta, dona das redes sociais Facebook e Instagram, e irá servir para que “as pessoas não recebam vídeos ou imagens não solicitados por pessoas que não seguem”, lê-se num comunicado da empresa ao britânico The Guardian. Depois do teste, a funcionalidade deverá estar disponível para os mais de mil milhões de utilizadores do Instagram em todo o mundo.

Esta alteração foi proposta na sequência um estudo da organização sem fins lucrativos britânica Centre for Countering Digital Hate, que analisou as mensagens recebidas por três figuras públicas femininas: Rachel Riley, apresentadora de televisão, Jamie Klinger, activista pelos direitos das mulheres e Sharan Dhaliwal, editora de uma revista. Os resultados indicam que uma em cada 15 mensagens que recebiam ia contra as directrizes do Instagram. No total, foram analisadas 8720 mensagens e concluiu-se que 567 (ou 6,5%) continham misoginia, imagens sexuais ou outras formas de violência visual e verbal. A maioria dessas mensagens consistia em imagens e vídeos explícitos enviados por homens.

Não é a primeira vez que o Instagram tenta combater o assédio na plataforma. No ano passado começou a ser testada uma função que permite que os utilizadores filtrem as mensagens directas e bloqueiem o envio de nudes não solicitadas e, em 2021, foi introduzida uma ferramenta que filtra pedidos de mensagens que contenham vocabulário e emojis ofensivos.

Este comportamento é conhecido como cyberflashing — ​e já é crime em alguns pontos do mundo. Por exemplo, no estado da Califórnia, onde é possível processar quem envia este tipo de mensagens não solicitadas desde 2022, ou no estado do Texas, que aprovou uma lei que proíbe o envio de material sexual explícito sem o consentimento da pessoa que o recebe. Quem o fizer, pode ter de pagar uma multa até 500 dólares.

No Reino Unido, a prática pode vir a tornar-se crime, depois de uma proposta de lei apresentada no ano passado — e, se for aprovada, o cyberflashing pode valer dois anos de cadeia. Em Portugal, esta prática não é considerada crime.

Texto editado por Inês Chaíça

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