No País dos arquitectos: o MAAT

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photographs by Piet Niemann © / MAAT by AL_A / Amanda Levete Architects
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No 66.º episódio do podcast “No País dos Arquitectos”, Sara Nunes, da produtora de filmes de arquitectura Building Pictures, conversa com a arquitecta inglesa Amanda Levete sobre o MAAT - Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, em Lisboa.

Logo no início da entrevista, Amanda Levete lembra uma das primeiras conversas que teve com António Mexia, líder executivo da EDP: “Ele queria criar um lugar que não estivesse relacionado com o passado, mas que estivesse associado ao presente e ao futuro”.

Sendo parte integrante da Fundação EDP, o projecto do MAAT coloca em comunicação o novo edifício, projectado pelo atelier Amanda Levete Architects, em 2016, e a centenária Central Tejo. Amanda Levete fala da relação entre ambos, um de carácter industrial com “tijolos avermelhados” e o outro a servir de continuação ao antigo, procurando “reconciliar uma cidade que estava isolada do rio”.

O MAAT foi projectado para permitir que as pessoas caminhem sobre, sob e através do edifício. Pela lateral, existe uma rampa que dá acesso ao topo da estrutura: “O que eu considero impactante é que as pessoas não têm apenas uma vista incrível para o outro lado do rio, mas têm também a possibilidade de olhar à sua volta e ficar com uma perspectiva da cidade de Lisboa que nunca tiveram antes. Existe esse tipo de conexão. (...) É uma forma incrivelmente democrática de convidar as pessoas a conhecerem o museu.”

Durante a entrevista, a arquitecta indica que, na primeira fase do projecto, tinha imaginado a fachada do edifício com placas de cobre mas, depois de verificarem que esse material não apresentava o resultado pretendido, optaram pela cerâmica. Para além disso, Amanda Levete explica como os azulejos brancos que revestem o edifício reflectem a luz do lugar: “Optámos por uma cor neutra. (...) Queríamos que o edifício fosse capaz de reflectir a luz porque a luz que se recebe naquela localização a sudoeste é tão extraordinária e é tão dourada. (...) Estar no topo do museu e ver o pôr-do-sol é mágico.”

Como Amanda Levete pretendia promover a ligação da cidade ao rio, não quis criar um edifício em altura. No interior, o espaço expositivo encontra-se abaixo do nível das águas do rio: “É bastante incomum entrar num museu e descer. Quando as pessoas entram neste museu, o percurso que as pessoas fazem é: primeiro encontram o hall de entrada, a loja e o restaurante. Depois, para chegar às galerias – a Galeria Oval e a Galeria Principal –, começa-se a descer.”

O museu é parte integrante da paisagem e assume-se como um lugar de descoberta, onde os sons compõem a materialidade do edifício: “Quando as pessoas se encontram no topo das escadas, elas podem ouvir o som das ondas a bater do outro lado do edifício. É um som, de facto, muito audível. E o som da água não vem de baixo, mas sim de cima. Esse é um momento mágico. Eu gostava de dizer que isso foi propositado, mas não foi. (...) [Para além disso], houve um evento onde um grupo de músicos portugueses usou o edifício como instrumento musical. Para mim, estes momentos inesperados ­– quando os artistas e o público se apropriam do edifício de um modo que não estava planeado – funcionam como uma medida de sucesso.”

O MAAT foi criado não apenas para que as pessoas pudessem visitar o museu, mas também para reunir diferentes pessoas e proporcionar-lhes a experiência de espaço público. À luz deste pensamento, a arquitecta destaca a importância de criar lugares de partilha e de convívio: “Nunca houve um momento em que fosse tão importante criar espaços onde as pessoas pudessem estar umas com as outras. (...) As pessoas adoram estar juntas, adoram criar uma espécie de sensibilidade partilhada e levar novas perspectivas, onde seja possível estar ao lado de pessoas de todas as gerações, de todos os continentes. Isso é tão importante.”

No final da conversa, Amanda Levete reflecte ainda como a arquitectura se encontra presente em todas as esferas da sociedade: “Não há nenhuma outra disciplina que se relacione com tudo. A arquitectura é sobre tudo. É sobre criatividade. É sobre engenharia. É sobre política. É sobre economia. (...) É sobre cultura. É sobre identidade. Todas as pessoas, em todos os lugares do mundo, experimentam uma construção a cada momento da sua vida. E, nós, como arquitectos, penso que temos a responsabilidade de tornar essa experiência o mais agradável e confortável possível.”

Para saber mais sobre o projecto do MAAT e a importância do espaço público na vida das pessoas, ouça a entrevista na íntegra.

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