Deus é um pinhal

Nada como o ruído de um motor para derrubar a Natureza. O professor saiu do carro, bateu a porta e acendeu um cigarro.

Ouça este artigo
00:00
02:16

A irmã gorda foi contemplar caracóis, porque eles a lentificavam, foi ver o mar, porque a tornava infinita, foi sentir a areia nos pés, porque isso a lembrava da efemeridade de tudo, encostou-se ao vento, levantando o hábito, porque isso a elevava. O pinhal junto ao asilo dava-lhe a quantidade de Deus necessária à sua vida, Deus sive natura, dose diária que o motor do automóvel do professor Espinosa interrompeu. Nada como o ruído de um motor para derrubar a Natureza. O professor saiu do carro, bateu a porta e acendeu um cigarro.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Comentar