Sporting, um campeão consolidado no topo

“Leões” conquistaram 25 dos 38 troféus do futsal nacional nos últimos 11 anos, desde que Nuno Dias chegou ao clube.

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Mais um título para João Matos, capitão do Sporting LUSA/MANUEL DE ALMEIDA
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Assim que o Sporting se sagrou tricampeão nacional em pleno pavilhão da Luz, naquele que foi o seu 18.º título e o oitavo nas últimas dez temporadas completas (em 2020 não houve campeão), Nuno Dias fez logo uma declaração de intenções para 2023-24: “Queremos ser tetracampeões.” Não podia ser de outra maneira. Quase que se pode dizer que o futsal português tem sido “cinco contra cinco e no final ganha o Sporting” desde que o técnico de Cantanhede aterrou em Alvalade em 2012. Em 38 troféus possíveis, o Sporting de Nuno Dias ganhou 25 – para além dos oito títulos de campeão, sete Supertaças, seis Taças de Portugal e quatro Taças da Liga. E não esquecer os dois títulos de campeão europeu (2019 e 2021), mais quatro finais disputadas (2017, 2018, 2022 e 2023).

Ganhar praticamente dois terços dos títulos nacionais na última década é um claro sinal de hegemonia. Zezito, antigo capitão “leonino” e adjunto de Nuno Dias durante três épocas, explica como se chegou aqui. “Desde que o Nuno entrou, tem sido avassaladora a consolidação do Sporting no panorama nacional. Tem dado os seus frutos e penso que vai continuar. O Sporting tem um excelente treinador, tem um grupo de jogadores já de há muitos anos e tem uma coisa que é essencial, vontade de ganhar. São muito dedicados e focados, e isso nota-se”, assinala o antigo internacional português ao PÚBLICO.

E quando uma equipa ganha quase tudo, acrescenta, os adversários ficam cheios de dúvidas. “Quem não ganha, fica desesperado. Enquanto o Sporting se consolida. É complicado para o Benfica, que também tem um excelente treinador e uma excelente equipa, reverter”, reforça. Durante os 11 anos em que o Sporting teve Nuno Dias, o Benfica foi campeão apenas duas vezes e teve cinco treinadores diferentes, sendo que, nesta época, mudou a meio, saindo o espanhol Pulpis para entrar Mário Silva, que estava nos Leões de Porto Salvo.

O Sporting é, de facto, uma equipa consolidada e apurada que não entra em revoluções, mas que também não é sempre igual. Na rotação de Nuno Dias, há apenas um jogador que chegou esta época, o russo Sokolov, e há dois que chegaram há duas temporadas, Estebán e Miguel Ângelo (um regresso). Todos os outros têm um mínimo de cinco épocas ligados ao clube, sendo o maior exemplo de continuidade o capitão João Matos, ligado ao Sporting desde 2002, já com 18 épocas de sénior e com contrato renovado antes da final – 11 títulos de campeão conquistados, num total de 38 troféus. “Joguei com ele e conheço-o bem. Nunca relaxa desde que entrou até agora”, conta Zezito.

Esta é uma equipa formada quase só com internacionais A – a excepção é Bernardo Paçó, guarda-redes suplente – e em partes iguais de experiência e talento jovem. Para além de João Matos, há Cavinato, Merlim, Pany Varela, Pauleta, Guitta e Erick Mendonça a preencher a quota da experiência, e, depois, há jogadores como Tomás Paçó, Hugo Neves ou Diogo Santos, que vêm da formação do clube e já são jovens veteranos.

Acima de todos, Zicky Té, jovem pivot de apenas 21 anos, já um dos melhores jogadores do mundo, autor de uma autêntica obra de arte no jogo três da final – e ele costuma fazer muitas obras de arte na quadra. Chegou ao Sporting com apenas 13 anos, mas já leva cinco na primeira equipa e foi um dos que se habituou a ganhar (nos “leões” e na selecção portuguesa, onde já foi campeão mundial e europeu).

“Muito minucioso”

Zezito conhece bem Nuno Dias. Fez parte da sua equipa técnica entre 2012 e 2016 e fala dele como alguém que nunca dá nada por garantido. “É um trabalhador nato, muito minucioso, estuda os adversários, tem muita ambição e não gosta de perder. Pressiona muito os jogadores para estarem sempre em patamares elevados. É um treinador muito valioso, um dos melhores do mundo. Está sempre a descobrir coisas novas para surpreender, como as bolas paradas. Isso faz toda a diferença”, revela o antigo pivot.

O próximo desafio é montar uma equipa candidata ao “tetra” sem um dos melhores guarda-redes do mundo (Guitta vai jogar no futsal russo) e sem Erick, um dos melhores do mundo em qualquer posição (o universal vai para o Barcelona). Os “leões” já garantiram o regresso de Taynan, ala brasileiro internacional pelo Cazaquistão que passou duas épocas no ElPozo Murcia, mas ainda irão contratar, pelo menos, mais um guarda-redes (fala-se de Henrique, brasileiro do Jaén). Será sempre um desafio tentar compensar a saída de dois jogadores de topo mundial, e numa época em que a concorrência não vai descansar – para além do Benfica, também o Sp. Braga se consolidou como uma equipa de topo do futsal português, e formações como o Leões de Porto Salvo, o Quinta dos Lombos e o Eléctrico vão sendo cada vez mais competitivas.

Mas, conclui Zezito, é disso que Nuno Dias gosta. “Conheço-o mesmo bem, ele só pensa mesmo nisso, em ganhar. É mais um desafio para ele. Ainda anteontem estava a falar com ele e ele dizia-me, ‘Se fosse fácil, também não tinha piada nenhuma’.”

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