Em 2016, Marcelo pagou do seu bolso uma viagem de Falcon a Lyon?

O Presidente da República solidarizou-se com António Costa e disse que ele próprio também já fora “vítima de uma injustiça”: em 2016, quando viajou para Lyon, tendo acabado por “pagar a viagem”.

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Marcelo Rebelo de Sousa sentado no cockpit de um avião F16 LUSA/JOSÉ COELHO
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A frase

“Eu próprio já fui vítima de uma injustiça em 2016 por causa de uma ida de Falcon para ver um jogo da equipa portuguesa porque se achava que havia voo comercial, mas não havia. Acabei por pagar a viagem”.

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República

O contexto

No fim do jogo de futebol entre Portugal e Bósnia, o Presidente da República solidarizou-se com o primeiro-ministro por este ter sido visto a assistir à final da Liga Europa sem que tal estivesse na sua agenda pública, tendo recorrido a meios do Estado — um Falcon 50, da Força Aérea — para se deslocar para esse evento.

Mais tarde, António Costa explicou ter-se tratado de uma “escala” (deslocava-se oficialmente para a Moldova) para corresponder “ao convite que lhe tinha sido endereçado pelo presidente da UEFA”.

Para defender Costa, Marcelo recordou a vez em que foi também “vítima de uma injustiça”: em 2016, deslocara-se a Lyon para assistir à meia-final do Europeu de 2016, disputada pela selecção nacional, e, uma vez que “não havia voo comercial”, viajou de Falcon, o que gerou várias críticas pela despesa que tal acarretara. Marcelo diz que acabou por “pagar a viagem”. Será verdade?

Os factos

A 6 de Julho de 2016, Marcelo Rebelo de Sousa viajou entre Bragança e Lyon (França), de Falcon, com o intuito de assistir à meia-final do Europeu de 2016, disputada entre Portugal e o País de Gales.

Belém justificou a utilização do Falcon com a falta de alternativa de transporte para o Presidente — que, na tarde do dia do jogo, ainda estava em Trás-os-Montes — e invocando que a solução via voo comercial implicaria custos maiores de estada.

A deslocação causou polémica, uma vez que a utilização do Falcon custa 3500 euros por cada hora de voo: entre idas e voltas, Marcelo voou por quatro horas, pelo que o custo terá sido de 14 mil euros.

Segundo escrevia o Correio da Manhã, aos órgãos de soberania só são facturadas despesas de combustível, que, neste caso, terão rondado os seis mil euros. Dividindo esse valor por dez (a lotação da aeronave), o custo por passageiro calculou-se em 600 euros: o valor que Marcelo deveria pagar do próprio bolso.

Face à polémica, Marcelo enviou um cheque à Força Aérea Portuguesa nesse valor — só que foi devolvido: António Costa, sustentado por um parecer do Governo, considerou que a deslocação “constituiu um acto de representação do Estado português”.

Em resumo

É parcialmente falso que Marcelo Rebelo de Sousa tenha acabado por pagar a sua viagem de Falcon a Lyon. O presidente, de facto, enviou um cheque no valor da sua parte da viagem, mas o Governo rejeitou-o.

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