A paixão (ou aquele estado de imbecilidade transitória)

Quando estamos apaixonados, estamos cegos e não queremos ver. Estamos surdos e não queremos ouvir. Estamos mudos e não queremos falar. Bloqueamos os sentidos metafóricos e aguçamos os reais.

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Escreveu Álvaro de Campos, o mais decadente e pessimista dos heterónimos de Fernando Pessoa, que “todas as cartas de amor são ridículas” e que “não seriam cartas de amor se não fossem ridículas”. Confesso que, não apreciando particularmente Álvaro de Campos (“alberto-caeirista” me assumo), tendo a concordar com esta sua análise. Arrisco até a ir um bocadinho mais longe e a assumir que nada à face da Terra é tão ridículo como alguém apaixonado. Aliás, tenho para mim que todas as pessoas apaixonadas emburrecem de tal forma que, no período agudo da coisa, devíamos retirar-lhes das mãos quaisquer que fossem as suas responsabilidades pessoais e profissionais.

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