No País dos arquitectos: habitação coletiva

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Conjunto habitacional Avenida Joaquim Campos em Setúbal
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Conjunto habitacional Avenida Joaquim Campos em Setúbal
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Conjunto habitacional na Rua de Alcaniça
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Conjunto habitacional na Rua de Alcaniça João Vicente
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Conjunto habitacional na Rua de Alcaniça João Vicente
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Conjunto habitacional na Rua de Alcaniça
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Conjunto habitacional Avenida Joaquim Campos em Setúbal User
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Conjunto habitacional da Rua do Monte em Setúbal
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Conjunto habitacional da Rua do Monte em Setúbal

No 64.º episódio do podcast No País dos Arquitectos, Sara Nunes (da produtora de filmes de arquitectura Building Pictures) esteve à conversa com os arquitectos João Branco e Paula del Rio, do estúdio Branco Del-Rio Arquitectos, sobre habitação colectiva.

Em Portugal, o problema da habitação tem sido um tema dominante na Assembleia da República. O Governo apresentou um conjunto de medidas e indica que as propostas procuram dar uma resposta actual ao problema. Estão em cima da mesa novas formas de habitar a cidade que visam cumprir a função social da habitação com enfoque não só na população carenciada, mas também no arrendamento acessível para a classe média e para os jovens.

Durante a entrevista, João Branco e Paula del Rio falam sobre vários projectos que desenvolveram no âmbito dos concursos públicos de conceção para a elaboração de conjuntos habitacionais a custos controlados promovidos pelo IHRU e explicam como o programa é aliciante: “Eu diria que a principal razão que nos levou a concorrer foi a possibilidade de ter acesso a este tipo de encomenda que é muito difícil para jovens arquitectos. (...) Achamos que o Concurso Público de Concepção é o que dá mais garantias de qualidade e é a forma mais democrática de dar acesso ao trabalho a todos nós.”

Para além de constituírem uma oportunidade para as novas gerações de arquitectos, Paula del Rio fala de outras vantagens nestes concursos: “O que se pretende com o arrendamento acessível é oferecer habitação de qualidade às pessoas que estão a ser expulsas da cidade. É para a classe média. Não é (...) para aumentar a exclusão social. É, claramente, uma coisa que se está a tentar ultrapassar.”

Já João Branco considera que os concursos permitem uma reflexão sobre a arquitectura e a cidade no quadro democrático e deixa uma nota: “Muita da habitação que se foi construindo é a habitação que nós achamos que a classe média quer comprar. Como durante 40 anos não se fez habitação pública aberta, quem promovia os edifícios eram os promotores (...). Nós estudámos e sabemos que em muitos sítios da Europa não se parou de fazer habitação pública e fez-se de muitas outras formas. (...) Experimentou-se e continuou-se a experimentar. Nestes concursos do IHRU não há abertura, ou não tem havido (até ver) abertura para muitas das propostas de organização de casas que sabemos que são feitas noutros sítios.”

Os arquitectos falam com sentido crítico não só por terem desenvolvido projectos para concursos no âmbito do programa de promoção de habitação a custos controlados, destinado ao arrendamento acessível, mas também por estarem a desenvolver teses de doutoramento sobre a temática: “Acho que temos um vocabulário interno de soluções dentro daquilo que é possível fazer. O que é divertido e interessante. Estudamos muito sobre habitação pública fora daqui: sobre programas, sobre género, sobre famílias, sobre todos os temas.

Ao longo da conversa, João Branco e Paula del Rio destacam dois projectos que ganharam: o conjunto habitacional em Alcaniça e o conjunto habitacional na Avenida Joaquim Campos. O primeiro é um complexo habitacional que se vai localizar em Almada e irá dar lugar a 28 fogos. Já o complexo residencial na Avenida Joaquim Campos prevê a construção de 183 apartamentos em Setúbal.

Do trabalho dos arquitectos destaca-se a proposta para o concurso de Alcaniça que foi entregue em Março de 2020, dias antes de se iniciar o confinamento em Portugal: “A pandemia, eventualmente, mudou a forma como as pessoas entendem as casas. Agora parece-nos muito normal, mas houve uma reflexão sobre as casas e nós propusemos um projecto que apostava muito em fazer varandas. (...) Mesmo sendo feito em pré-pandemia, não é fácil fazer num concurso com custos controlados boas varandas.” A relação com o espaço público está igualmente a ser trabalhada no conjunto habitacional Avenida Joaquim Campos: “Havia a necessidade ou o desejo do IHRU colmatar e relacionar os dois bairros e fazer cidade entre eles. É o que nós tentamos fazer sempre nestes projectos.”

Os arquitectos consideram que a Ordem dos Arquitectos (OA) também tem tido um papel determinante na estratégia de habitação condigna e na aproximação dos arquitectos da sociedade civil: “O [facto de] os arquitectos falarem é fantástico, portanto acho que [quanto] mais programas públicos abertos de concepção democráticos [houver] melhor. Só pode fazer bem à classe e à arquitectura.”

Para saber mais sobre a habitação colectiva em Portugal e a importância que os arquitectos têm na valorização do espaço público, ouça a entrevista na íntegra.

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