Mário Costa abandona presidência da Assembleia Geral da Liga

Arguido por suspeitas do crime de tráfico de seres humanos, o dirigente vai deixar o organismo. É o resultado de uma reunião de urgência realizada nesta quarta-feira.

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Mário Costa, no final de uma Assembleia Geral ordinária da Liga MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA
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Mário Costa já não é presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), também conhecida como Liga Portugal. Na sequência de uma reunião de urgência dos órgãos sociais do organismo, o dirigente, que é arguido numa investigação sobre tráfico de seres humanos, acabou por se afastar do cargo.

Em poucos dias, a cúpula da LPFP, liderada por Pedro Proença, pronunciou-se duas vezes sobre o tema. Primeiro, dizendo-se “surpreendida” pelo caso, afirmou estar “a acompanhar a evolução das diligências, aguardando por mais dados (...) para uma avaliação mais concreta”; depois, anunciou a convocação de uma reunião urgente para avaliar “o impacto das notícias mais recentes” a envolverem Mário Costa.

Ao final da tarde de ontem, o organismo fez saber, através de um comunicado, que foi Mário Costa quem informou os seus pares da decisão de renunciar ao cargo de presidente da MAG, o que obrigará agora à sua substituição. “Serão, agora, desencadeados os procedimentos estatutariamente previstos para garantir a normal gestão e a estabilidade do funcionamento da instituição”, acrescenta a LPFP.

Mário Costa também já explicou a decisão de se afastar, através de um comunicado emitido pela sua defesa. “O meu cliente, senhor Dr. Mário Costa, decidiu renunciar ao cargo de presidente da Mesa de Assembleia Geral para resguardar a Liga Portugal e os clubes de qualquer eventual prejuízo de imagem, com o processo que tem sido amplamente noticiado e deriva de deturpações e denúncias caluniosas”.

Na qualidade de presidente da BSports Academy, o gestor tem estado na mira das autoridades. Isto na sequência de queixas e denúncias sobre alegadas irregularidades no funcionamento da academia, que teria como missão assegurar formação escolar e desportiva a jovens atletas vindos de diferentes continentes (mas maioritariamente da América e de África).

A suspeita do crime de tráfico humano encabeça a investigação, que levou os agentes do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) a realizarem, na segunda-feira, buscas não só na BSports, mas também em casa do próprio Mário Costa.

Para além do cargo de presidente da MAG, do qual se afastou nesta quarta-feira e que exercia desde Janeiro de 2016, Mário Costa ocupa também a função de vice-presidente da Fundação do Futebol, desde Outubro de 2018. “A Fundação do Futebol pretende ser um agregador dos principais agentes do futebol, tendo, entre outras, a missão de formar e educar jovens através do futebol, incutindo-lhes o conceito de futebol positivo”, escreveu, na site oficial da LPFP.

“Quando tudo estiver esclarecido e o processo for arquivado, o Dr. Mário Costa voltará a colaborar com a Liga com o mesmo entusiasmo de sempre”, acrescenta a defesa do gestor, que exerce ainda funções como vice-presidente da Comissão Executiva da Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A cessação de funções na LPFP acabou por ser uma consequência natural, também por força das declarações do secretário de Estado da Juventude e do Desporto. À TSF, nesta quarta-feira, o governante foi taxativo: “Obviamente que prevalece a presunção de inocência, mas no plano do desporto existe uma dimensão ética que é completamente incompatível com este tipo de comportamentos”, advertiu.

“É inaceitável, chocante e condenável a situação que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras nos deu a conhecer publicamente, através de uma operação de tráfico de seres humanos numa academia”, concluiu.

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