Miguel Maia, nome que se confunde com o voleibol português, terminou a carreira

Aos 52 anos, o distribuidor da Académica de Espinho vai deixar de jogar, mas não vai abandonar a modalidade. E já se mostrou disponível para liderar a federação.

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A cerimónia durante a qual anunciou o abandono Ac. Espinho

O voleibolista Miguel Maia anunciou nesta terça-feira o fim da carreira, deixando um legado de 36 anos enquanto profissional, durante o qual se destacaram os dois quartos lugares olímpicos, em Atlanta (1996) e Sydney (2000), com João Brenha na vertente de praia.

Em cerimónia emotiva no Centro Multimeios de Espinho, o nome maior do voleibol português e um exemplo singular de longevidade no desporto de alta competição explicou a sua decisão, perante família, colegas da modalidade, amigos, comunicação social e dezenas de admiradores.

"Esta é a minha despedida. Aos 52 anos, acabo a minha carreira de jogador de voleibol. Dediquei a minha vida a este desporto e continuarei a dedicar, agora com outras funções. Não sei dizer o que sinto. É um misto de orgulho e de saudade. Nunca me imaginei a terminar e nunca quis fazê-lo durante todo este tempo, mas chegou a hora", sentenciou o jogador.

Ao longo do seu longo percurso, para além dos feitos olímpicos, conta, no pavilhão, com 15 campeonatos da primeira divisão, 10 Taças de Portugal, seis supertaças nacionais e a notável conquista da já extinta Top Teams Cup, competição europeia que venceu com o Sporting de Espinho, em 2001-02, entre muitos outros prémios que são mais de 80, quer individuais, quer colectivos.

Para continuar, fora do campo

Apesar do palmarés e da notoriedade que trouxe ao voleibol português, Miguel Maia sente que ainda tem uma dívida para com a modalidade, que faz questão de continuar a servir no futuro, independentemente das funções que desempenhar.

"Encerro estes dias de jogador, mas isto não vai acabar. Continuarei a servir a modalidade que tanto me ajudou. Posso garantir-vos que o farei com a mesma paixão. Contem comigo como treinador, dirigente ou outras funções em que possa ser uma mais-valia", assegurou.

Nesse sentido, o jogador que acabou na Académica de Espinho, também onde iniciou a sua jornada, e se notabilizou sobretudo no Sporting de Espinho e no Sporting, tendo também registado uma curta passagem pelos italianos do Reima Crema, em 2003-04, fez uma importante revelação, ao assumir uma futura candidatura à presidência da Federação Portuguesa de Voleibol.

"Já o fiz pessoalmente, faço outra vez aqui publicamente. Excelentíssimo senhor presidente professor Vicente Araújo, fica aqui prometido que depois de resolver sair do excelente trabalho que tem feito ao longo de décadas, e espero continue por muito mais tempo, eu, Miguel Barbosa Maia, estou disponível para assumir a candidatura à presidência da Federação Portuguesa de Voleibol", revelou.

Já perto do final do discurso, Miguel Maia aproveitou para efectuar uma simbólica passagem de testemunho, dando ao seu filho, Guilherme Maia, com quem partilhou balneário na Académica de Espinho nas últimas duas temporadas, a emblemática camisola 8, número com o qual se notabilizou.

Sem uma despedida "com pompa e circunstância", como o seu legado poderia fazer prever, o jogador disse preferir sair da mesma forma como começou, de forma humilde, sem planos prévios. "Saí pela porta por onde entrei, com humildade e muitos sonhos à mistura. Podia tê-lo feito de muitas maneiras, até com um jogo de despedida, numa vitória, com um título, numa idade menos cansada. Mas tudo foi fluindo como começou: sem demasiados planos", concluiu.

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