Há uma nova forma de arte no Japão — e só é preciso (saber) rasgar fita adesiva

A técnica consiste em colar pedaços de fita nas telas. A artista Nasa Funahara imita obras famosas e cria originais. Já Koji Iyama reveste o interior das carruagens de metro e bancadas.

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Nasa Funahara recria obras conhecidas com fita adesiva DR/Twitter
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Chama-se "arte de papelaria" e é a nova tendência artística no Japão. A fita adesiva é o único material necessário para começar um quadro — e nem sequer é preciso ter uma aptidão especial para nos tornarmos artistas.

A tendência já existe há alguns anos, mas foi durante o confinamento que se tornou popular e passou a ser vista como uma forma de arte contemporânea, escreve o The Washington Post. Em relação à técnica, é bastante simples: o primeiro passo é fazer um desenho numa superfície lisa e, de seguida, rasgar pequenos pedaços de fita à mão e colá-los na tela.

Nasa Funahara, de 30 anos, é "artista de papelaria" desde os 19 anos, altura em que estudava pintura a óleo numa universidade de Tóquio. Desde então faz disso vida.

A primeira obra que recriou foi uma versão do quadro Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. O portfólio inclui ainda A Rapariga Com o Brinco de Pérola, O Grito e um retrato da rainha Maria Antonieta, assim como vários originais, entre os quais o quadro de uma carpa num lago. Recentemente terminou a pintura A Noite Estrelada, de Vincent Van Gogh.

"Ao contrário das tintas e outros materiais de arte, podemos retirar a fita imediatamente e colocá-la novamente quando cometermos um erro", explicou a artista ao The Washington Post. Para os seus quadros, utiliza fitas adesivas feitas de papel washi japonês, uma espécie de folha de seda que é produzida a partir da casca de árvore das amoreiras. Desta forma, adianta, consegue que os quadros tenham uma textura macia.

As fitas que Nasa usa têm várias cores e padrões, como bolinhas, xadrez, riscas verticais e horizontais e até com figuras geométricas. Este é um dos materiais mais usados nestas obras de arte, mas também há quem opte por usar fita de celulose.

Koji Iyama também usa fita adesiva para criar instalações artísticas em telas, bancadas de recintos desportivos ou no interior de carruagens de metro. Contudo, a forma de trabalhar deste designer gráfico é ligeiramente diferente da de Nasa, uma vez que Koji é também responsável por desenhar e imprimir os padrões que utiliza.

Petra e Nicole, do estúdio Kapitza, seguem-lhe o exemplo para ilustrar peças de louça ou publicidade para marcas.

Segundo Maiko Kikuchi, escritora e membro da Associação Internacional de Críticos de Arte, são cada vez mais os artistas que publicam as obras nas redes sociais, e isso tem contribuído para captar o interesse de mais pessoas na "arte da papelaria". Apesar de ter nascido como uma "subcultura" artística, a escritora acredita que, em breve, será considerada uma forma de arte contemporânea capaz de alcançar preços elevados.

Nasa, que demora cerca de uma semana a terminar cada trabalho, também acredita que a nova tendência artística está a aproximar as pessoas da arte.

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