As meninas tomavam banho somente ao sábado, excepto no Verão, altura em que também se lavavam às quartas, e vestiam — para tomar banho — uma túnica de pano cru, porque não podiam nunca estar nuas. A irmã dos gritos abria a água e fechava a água, as meninas esfregavam-se com sabão azul que era difícil de manusear, demasiado grande para as suas mãozinhas, caía com frequência, fazia pouca espuma, e quando envelhecia ficava quebrado e com rugas, pequeno e encurvado, como qualquer velho, e depois as meninas secavam-se e vestiam-se e as irmãs verificavam então se o rabo e as cuecas estavam imaculados ou se alguma mancha ou humor os poluía, urina, suor, sangue ou fezes. A Sãozinha tinha dificuldade em mostrar o corpo, a irmã tirava-lhe as mãos das suas vergonhas (expressão da freira que a Sãozinha interiorizou rapidamente), porque ela não conseguia evitar tapar-se, está tudo limpinho, dizia a Sãozinha, MAS É PRECISO VERIFICAR, dizia a irmã dos gritos, aos gritos, enquanto lhe puxava a mão com força.