Se o mundo consumisse o mesmo que Portugal, recursos do planeta acabavam hoje

Os recursos de 2023 acabariam neste dia 7 de Maio se cada pessoa consumisse os mesmos recursos do que a média em Portugal. A partir daqui usamos um “cartão de crédito ambiental”.

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Portugueses deveriam consumir mais frutas e leguminosas e menos proteína animal Gregorio Cunha
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Se cada pessoa no planeta consumisse os mesmos recursos que uma pessoa em Portugal (segundo a média), seriam precisos 2,9 planetas para satisfazer o nosso estilo de vida – o que significa que os recursos para este ano “acabariam” neste domingo, 7 de Maio. A partir desta data, Portugal passa a usar um “cartão de crédito ambiental”. Estes são os resultados apresentados pela associação Zero, em parceria com a Global Footprint Network.

Resumindo, esta exigência de recursos “implicaria que a área produtiva disponível para regenerar recursos e absorver resíduos a nível mundial esgotar-se-ia no dia 7 de Maio”, explica a Zero, num comunicado enviado às redacções. “A partir daí seria necessário começar a usar recursos naturais que só deveriam ser utilizados a partir de 1 de Janeiro de 2024.”

Segundo a Zero, “o consumo de alimentos (30% da pegada global do país) e a mobilidade (18%) encontram-se entre as actividades humanas diárias que mais contribuem para a pegada ecológica” do país.

“Portugal é, já há muitos anos, deficitário na sua capacidade para fornecer os recursos naturais necessários às actividades desenvolvidas (produção e consumo)”, refere ainda a Zero – e acusa o país de ter uma “dívida ambiental” em crescimento.

Citando dados do Eurostat, a Zero refere que os portugueses consomem três vezes mais proteína animal do que deveriam, já que têm maior pegada ecológica, mas são “deficitários no consumo de legumes, frutas e leguminosas”. Além disso, a circularidade dos materiais é de apenas 2,2% (quando a média europeia é de quase 13%). Nos transportes, “apenas 9,7% do consumo final bruto de energia nos transportes provém de fontes renováveis”, referem ainda.

E o que pode, então, ser feito para melhorarmos esta nossa “dívida” com o planeta? A Zero enumera: apostar numa agricultura promotora da soberania alimentar, aproveitar o potencial de redução de deslocações e viagens, criar infra-estruturas que permitam maior utilização das formas de mobilidade suave (como bicicleta e transportes públicos) e tentar que os produtos no mercado sejam mais sustentáveis.

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