Amnistia Internacional cria imagens falsas de protestos (reais) com Inteligência Artificial

Organização defendeu necessidade de proteger identidade dos manifestantes, mas, após subida de tom das críticas, incluindo de fotojornalistas, as publicações foram eliminadas.

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Amnistia Internacional cria imagens falsas de protestos (reais) com Inteligência Artificial Amnistia Internacional

A Amnistia Internacional está a ser alvo de críticas após o núcleo norueguês ter publicado imagens geradas por Inteligência Artificial (IA) nas redes sociais. Numa primeira fase, a opção foi defendida por salvaguardar a identidade dos manifestantes, mas, após críticas generalizadas, o grupo decidiu eliminar as publicações.

Numa das fotografias geradas por IA é retratado um cenário em que uma manifestante é guiada pelos braços por vários polícias com equipamento antimotim. A campanha tinha como objectivo assinalar o segundo aniversário da greve geral de 2021 na Colômbia. A repressão policial culminou na morte de pelo menos 38 civis e provocou ferimentos a centenas de pessoas.

Há vários indicadores nas imagens partilhadas pela Amnistia que mostram a presença de IA na formação da imagem: o mais flagrante prende-se com a inversão das cores da bandeira colombiana. Para os menos familiarizados com estas ferramentas, as publicações estavam acompanhadas de uma pequena declaração em que se explicava o papel da IA na criação das imagens.

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Fotografia valeu críticas à organização, que decidiu apagar a publicação Amnistia Internacional

Foram várias as vozes que se levantaram contra a decisão da organização internacional, incluindo de fotojornalistas que cobriram os protestos, alegando que as imagens divulgadas nas redes sociais podem alimentar a desconfiança que muitas pessoas sentem em relação aos media.

A organização internacional de defesas dos direitos humanos justificou o recurso a IA para as imagens com a necessidade de proteger a identidade dos manifestantes. Mas, após o surgimento das críticas generalizadas, foi tomada a decisão de apagar as publicações.

Ao jornal britânico The Guardian, Erika Rosas, directora da Amnistia Internacional para as Américas, adianta que a organização decidiu pedir a eliminação das publicações para que o foco não fosse desviado do “apoio às vítimas e pedidos de justiça”.

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