Cartas ao director

O caos na Carris

Utilizar os veículos da Carris para deslocações em Lisboa tornou-se um autêntico calvário para quem deles necessita e a cada dia que passa a situação começa a ser intolerável de tal modo vão as coisas nesta pobre Lisboa.

A avalanche de turistas (o ouro negro que salva a nossa economia e o seu ministro) com o encaminhamento de cada vez maior número de autocarros para os levar para os centros históricos, caso das zonas de Belém, do Castelo e da Estrela, origina supressão ou encurtamento sem aviso de carreiras, não cumprimento dos horários fixados e atrasos astronómicos, com os lisboetas a verem passar veículos que, por exemplo, deveriam ter o seu início no Restelo e, terminando aqui as suas viagens, vão reiniciá-las bem longe, junto a Belém/Jerónimos.

Por outro lado, mesmo conseguindo entrar num autocarro, a lotação dos mesmos é propicia a discussões e furtos constantes, pois os larápios aproveitam-se disso para desenvolverem o seu “trabalho” cada vez mais rentável. Quanto aos painéis com os horários, muitos não funcionam, por exemplo, nos do Cais do Sodré há longos anos, ou nunca estão correctos. Um autêntico caos e descontrolo a lembrar o estado deste Governo que nos (des)governa.

Quem põe ordem nesta indisciplina e incompetência?

Manuel Alves, Lisboa

Conformismo

Enquanto em Portugal a idade de acesso à reforma de velhice é aos 66 anos e 4 meses, em França passou de 62 para 64 anos, o que originou violentos protestos nas ruas de Paris. Em Portugal não há tradição de luta por conquistas sociais. Excluindo o Verão Quente de 1975, em que a Assembleia da República foi cercada por trabalhadores da construção civil, só os camionistas na governação de Cavaco Silva e os professores no executivo de António Costa deram um ar da sua graça. Em quase 50 anos após o 25 de Abril de 1974, os portugueses na sua generalidade preocupam-se mais com os clubes de futebol. Não há consciência de classe. Os portugueses são mansos.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

As greves ferroviárias

Desde os primórdios das lutas entre trabalhadores e “empregadores”, a greve era uma forma de pressão dos trabalhadores contra os empregadores ou, em bom português, os patrões.

Não havendo trabalho, não havia produção que o patronato pudesse vender. Se não tinha de pagar salários, também não tinha produtos para vender , e os encargos de qualquer empresa não são obviamente apenas salários, pelo que a greve penalizava fortemente o patronato (quem puder que reveja o célebre Há Lodo no Cais)

Olhemos agora para as greves ferroviárias (que me tocam por ter sido ferroviário 40 anos, embora não a conduzir comboios, mas no projecto das linhas eléctricas aéreas montadas sobre as vias férreas e que servem para alimentar os motores do material motor eléctrico – linhas essas que têm o nome desconhecido de “catenária”).

Pelo menos nas linhas suburbanas, todos os utentes têm passe social e ainda mais depois da descida do seu preço por um governo do PS (o que como cidadão saúdo). Sendo assim, a greve não prejudica patrão algum, prejudica o povo. E se calhar os sindicatos apenas pensaram que o povo poderia pressionar o Governo (ou induzir o povo a escolher outro dentro de alguns alguns anos).

Carlos Anjos, Lisboa

Marcelo no centro, Costa fora dele

Aconteça o que acontecer no correr das horas e minutos de toda esta trapalhada da TAP, o primeiro-ministro dá a entender que perdeu aparentemente o controlo da situação, dado que o silêncio é sinal de quem não consegue apagar o fogo criado por tantas situações tão desagradáveis como inesperadas no seu Governo. O silêncio criou um vazio comprometedor e qualquer decisão a tomar até pode ser precária. Com tudo isto o Presidente da República tornou-se de novo no centro da vida política. Há um ano ninguém o preveria. Perante a maioria absoluta do PS, o Presidente Marcelo parecia condenado a exercer o seu mandato até ao fim sem especial significado.

Marcelo vê-se que sente a sua importância política reforçada como centro de uma crise a que tem de ajudar a pôr fim com posições públicas ou só no segredo dos gabinetes. Politicamente estará nas suas sete quintas, como árbitro que tanto gosta de ser. Desta forma, a reboque do Presidente, o primeiro-ministro surge como tendo perdido a capacidade de manobra, preso às teias emaranhadas do seu Governo, pelo que arrisca ser penalizado com falta pelo árbitro. Está em perda de influência. Pelo menos até ver.

Eduardo Fidalgo, Linda-a-Velha

Sugerir correcção
Ler 1 comentários