TAP: Marcelo diz que “matérias muito sensíveis de Estado são tratadas discretamente”

Presidente da República reconhece que caso Galamba envolve “temas particularmente sensíveis”. O chefe de Estado defende ainda que uma boa economia pode não chegar para haver boa política.

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Marcelo Rebelo de Sousa EPA/Bienvenido Velasco

O Presidente da República explicou esta segunda-feira que "matérias muito sensíveis de Estado são tratadas discretamente" e por isso não lhe cabe dizer quando falaria com o primeiro-ministro sobre o caso da exoneração do adjunto do ministro das Infra-estruturas. Marcelo Rebelo de Sousa defende ainda que "pode haver alguma boa economia e isso não ser suficiente para haver boa política".

"Em determinados temas particularmente sensíveis, o seu tratamento não é na praça pública, não é sob os holofotes da comunicação social. São tratados, vão sendo tratados, até ao momento em que se vê que foram tratados", começou por responder aos jornalistas Marcelo Rebelo de Sousa, quando questionado sobre se já tinha falado com António Costa sobre a polémica que tem marcado os últimos dias.

Segundo o Presidente da República, quanto à conversa com primeiro-ministro, não lhe cabe "estar a dizer dia tal, horas tais, nestas circunstâncias". "Aqui, tratando-se de uma matéria sensível, de relevância nacional, o tratamento tinha que ser discreto", respondeu, referindo que "as coisas sucedem, vão sucedendo e depois verifica-se que sucederam".

Questionado sobre se este é um caso com gravidade suficiente para ser tratado de forma mais discreta, Marcelo Rebelo de Sousa foi peremptório: "Estes casos normalmente são discretos. Matérias muito sensíveis de Estado são discretas, são tratadas discretamente".

"As pessoas não têm a noção, mas são dossiês que são tratados discretamente. Noutros tempos, quando havia desvalorizações ou revalorizações do escudo, era discreto. O antecedente de decisões como as respeitantes ao estado de emergência ou à renovação, eram discretas. Questões que dizem respeito a dossiês importantes económicos ou políticos ou políticos e económicos, as intervenções são discretas", comparou.

Sobre quando será visível que o tema está tratado, o chefe de Estado respondeu apenas: "quando for, quando for...".

No sábado, na Ovibeja, o Presidente da República escusou-se a comentar todo o caso da exoneração de Frederico Pinheiro, adjunto do ministro das Infra-estruturas, João Galamba, alegando que a primeira pessoa com quem iria falar quando tivesse a informação completa sobre o caso seria com o primeiro-ministro.

Boa economia pode não chegar para haver boa política

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu também esta segunda-feira que "sem boa economia é difícil haver boa política", mas ressalvou que "pode haver alguma boa economia e isso não ser suficiente para haver boa política".

No final da inauguração da exposição "Unidos Venceremos! Protesto, Greves e Sindicatos no Marcelismo", organizada pela Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 e pela Ephemera - Associação Cultural, o Presidente da República aludiu a factores "que foram decisivos na ditadura, mas são permanentemente importantes em democracia", que tinham sido referidos por José Pacheco Pereira, o comissário científico desta iniciativa.

"Um, os estudantes, ou seja, a educação, o ensino. Outro, a coesão social. Só há desenvolvimento económico justo se houver coesão social", apontou.

Em terceiro, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a política, porque "sem boa economia é difícil haver boa política, mas pode haver alguma boa economia e isso não ser suficiente para haver boa política".

"Sobre o 1.º de Maio, falarei hoje à tarde das lições destas exposições, a daqui e a do Barreiro, mas há uma lição óbvia muito diferente em ditadura e em democracia. Em ditadura não há liberdade, em democracia há liberdade", enfatizou.

Depois de inaugurar a exposição no Hub Criativo do Beato, em Lisboa, o Presidente da República segue para as Oficinas da CP no Barreiro com o mesmo objectivo.

Da comitiva que esteve esta manhã em Lisboa, além de Pacheco Pereira e de Maria Inácia Rezola, Comissária-Executiva, fizeram parte os governantes Ana Catarina Mendes, Ana Mendes Godinho e Pedro Adão e Silva.

O movimento sindical no marcelismo alimentou-se de "esperanças e ilusões" após a queda de Salazar, ao mesmo tempo que recebeu do regime uma resposta dura, mas conseguiu gerar uma "enorme mudança" que levaria à revolução de 1974.

Este é o tema da exposição "Unidos Venceremos! Protesto, Greves e Sindicatos no Marcelismo (1968-1974)", dividida entre Lisboa e o Barreiro, em Setúbal, que abre portas hoje, no Dia do Trabalhador, e é organizada pela Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 e pela Ephemera - Associação Cultural.

A exposição tem entrada livre e está no Hub Criativo do Beato, em Lisboa, e nas Oficinas da CP, no Barreiro, até 30 de Junho.

Notícia actualizada com mais declarações do Presidente da República

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