“A primeira pessoa com quem vou falar é o primeiro-ministro”, diz Marcelo

O Presidente declarou que não conseguiu acompanhar o caso do ex-adjunto do ministro das Infra-Estruturas e ainda não tem a “informação completa” sobre os acontecimentos.

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Marcelo Rebelo de Sousa falou aos jornalistas em visita à Ovibeja LUSA/NUNO VEIGA

O Presidente da República afirmou este sábado que não tem a "informação completa sobre a matéria" dos mais recentes episódios do caso TAP que envolvem o ministro das Infra-Estruturas e o seu ex-adjunto, e que, quando tiver, a "primeira pessoa" com quem irá falar é o primeiro-ministro.

Em declarações aos jornalistas na Ovibeja, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que já estava no evento durante os últimos acontecimentos, não estando, por isso, "em condições de ter acompanhado o que se passou".

E recusou-se a responder às questões dos jornalistas sobre a conferência de imprensa de João Galamba, que decorreu enquanto visitava a feira, ou sobre uma eventual dissolução do Parlamento. "Quando tiver a informação completa, a primeira pessoa com quem vou falar é o primeiro-ministro. O que tiver a dizer digo ao primeiro-ministro", declarou.

"Atendendo aos factos que sucederam e a que se referem, entre ontem, fim da tarde, noite, e hoje, até agora, até há pouco tempo, eu não estou em condições de ter acompanhado o que passou, tudo, mas a primeira pessoa a quem vou falar é o primeiro-ministro", reiterou.

Derivou, então, os seus comentários para a situação da agricultura neste momento, confrontada com os efeitos de uma seca intensa e prolongada. A falta de água e de alimentos para os animais revela-se a consequência mais evidente dos transtornos climáticos. O Presidente da República espera que os fundos europeus “que são apreciáveis sejam aproveitados e de forma rápida” para que os apoios para as carências que neste momento afectam os agricultores “cheguem a todos os que deles necessitam”.

Marcelo percorreu o certame da Ovibeja em ritmo acelerado, sem necessitar de quem lhe indicasse o caminho. A experiência de anos anteriores dotou-o de uma memória visual que lhe permitia chegar a todos os stands da feira. E em todos eles o Presidente da República, quando não era convidado para uma selfie, fazia-se convidado. Nem as e os acompanhantes de um razoável número de cães rafeiros do Alentejo escaparam a um retrato de ocasião. Num instante, cumprimentava e beijava quem lhe aparecia pelo caminho, revelando que muitos dos feirantes já os conhecia de outras paragens.

Os últimos acontecimentos

Sobre os últimos acontecimentos no Governo, nem uma palavra. Marcelo disse que não estava suficientemente a par dos factos, que continuam com versões contraditórias, apesar de João Galamba dizer o contrário.

O ex-adjunto do ministro das Infra-Estruturas Frederico Pinheiro terá retirado o seu computador de serviço com informação confidencial do ministério já depois de exonerado e que foi recuperado pela Polícia Judiciária e os Serviços de Informações de Segurança (SIS) , tendo ainda sido acusado de agredir a chefe de gabinete e a assessora de João Galamba, motivos que levaram o Governo a apresentar uma queixa-crime contra ele.

Depois de exonerado por telefone na quarta-feira, Frederico Pinheiro emitiu um comunicado em que acusou o ministro de não querer revelar à comissão de inquérito à TAP as notas que tinha escrito na reunião preparatória da audição parlamentar da ex-CEO da TAP, a 17 de Janeiro, com assessores e chefes de gabinete do Governo e um deputado do PS.

E revelou que João Galamba tinha realizado uma outra reunião com a antiga presidente executiva da companhia a 16 de Janeiro, tendo sido este a informá-la da reunião com o PS e a permitir a sua participação na mesma.

O ministro negou "categoricamente" as acusações de omissão de informação à comissão de inquérito em comunicado e esclareceu novamente em conferência de imprensa este sábado que foi o ex-adjunto quem não informou o ministro da existência das notas e não as entregou a tempo do prazo de entrega à comissão de inquérito, apesar de lhe terem sido solicitadas, o que levou ao pedido do ministério de prorrogação do prazo e à demissão do adjunto.

João Galamba confirmou que teve uma reunião preparatória com a ex-CEO da TAP e que lhe transmitiu o pedido do grupo parlamentar do PS para estar presente na reunião do dia seguinte, tendo reiterado que foi a ex-CEO da TAP quem pediu para participar e considerado normal a realização das reuniões preparatórias. Garantiu que "não houve nenhuma combinação [com a ex-CEO da TAP]" — recusando que as notas o evidenciem — "ou tentativa de ocultação da verdade" à comissão de inquérito, já que todas as informações foram enviadas à mesma. Com Carlos Dias

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