Ding Liren é o primeiro chinês campeão mundial de xadrez

Grande mestre chinês conquistou o título clássico no desempate por partidas rápidas e sucede ao pentacampeão norueguês, Magnus Carlsen.

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Ding Liren, à esquerda, frente a Ian Nepomniachtchi, na decisão do título clássico mundial de xadrez Reuters/VLADISLAV VODNEV

O chinês Ding Liren conquistou neste domingo o título de campeão mundial absoluto, ao vencer no desempate o russo Ian Nepomnachtchi.

A prova realizada na capital do Cazaquistão, Astana, consistia num encontro à melhor de 14 partidas, mas que se revelou inconclusivo ao terminar numa igualdade a sete pontos, correspondentes a três vitórias para cada e oito empates.

Assim, neste domingo, teve que se recorrer ao sistema de desempate, que consistia na realização de quatro partidas semirrápidas, em que cada jogador dispunha de 25 minutos para a totalidade da partida, com um acréscimo de 10 segundos por cada lance efectuado.

Nas primeiras três, o equilíbrio imperou, pese embora Nepomniachtchi ter tido algumas possibilidades na segunda. Mas na quarta a impetuosidade de Ian levou-o a especular numa posição equilibrada, sacrificando desnecessariamente um peão em busca de uma iniciativa inexistente.

A posição foi-se degradando e Liren estava à beira do título. No entanto, o pouco tempo disponível levou o chinês a cometer uma imprecisão e por um instante o russo, a jogar com as cores da federação internacional devido às sanções, teve a possibilidade de empatar sacrificando um bispo para expor o rei adversário. Mas também ele falharia e, a partir daí, Liren foi implacável, com o russo a perder a sua segunda luta pelo trono depois da derrota sofrida em 2021 perante Magnus Carlsen, que abdicou de defender o título.

As duas personalidades, quase antagónicas, reagiram de forma bem distinta. Nepomniachtchi não conseguiu evitar demonstrar a sua frustração, derrubando as peças que se encontravam na lateral do tabuleiro e saindo rapidamente de cena, gesticulando, desalentado. Pelo contrário, o tímido e tranquilo Liren cobriu a cara com as mãos e manteve-se largos minutos imóvel debruçado sobre o tabuleiro.

Liren torna-se, assim, no 17.º campeão mundial, o primeiro de origem chinesa, sucedendo a Carlsen, mas a sua sombra estará sempre presente, pelo menos enquanto o norueguês se mantiver como líder do ranking mundial, e, apesar de Liren não ter qualquer culpa pelo facto de Carlsen não ter querido defender o título, muitas serão as vozes que irão negar o direito legitimamente conquistado de ostentar o título máximo.

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