Benfica seguiu devagarinho pelo caminho de Chiquinho

“Encarnados” sofreram para vencer em Barcelos um Gil Vicente que foi audaz. FC Porto pressionado agora para repor em quatro pontos a distância para o líder.

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Benfica e Gil Vicente em duelo no Minho LUSA/MANUEL FERNANDO ARAÚJO

Houve momentos da temporada em que tudo corria bem ao Benfica. Jogando bem, ganhava. Jogando mal, ganhava também. Neste sábado, a equipa parece ter voltado um pouco a essa aura – quando estava menos bem no jogo, e quando já parecia estar a escapar-lhe a clarividência para marcar, chegou a um golo que lhe deu o triunfo (2-0) frente ao Gil Vicente.

Mas não se poderá tratar esta vitória como um produto do acaso ou a felicidade de quem vence sem fazer muito por isso. O Benfica rematou mais e teve mais e melhores oportunidades de golo e fez o suficiente por vencer o jogo. Mas também poderia ter ficado pelo empate.

É esta a sina actual dos “encarnados” que, por estes dias, já não se preocupam em brilhar. Devagar, sem pressa, o importante é vencer, como fizeram numa segunda parte pouco feliz, embalados por uma cabeçada de Chiquinho e um penálti de Grimaldo.

Os três pontos que leva de Barcelos significam que o FC Porto pode conseguir, no melhor dos cenários para os portistas, repor os quatro pontos de atraso para o líder da I Liga.

Jogo partido

O Gil levou para este jogo um sistema que não pressupunha um bloco baixo e muito menos a mobilização de um atacante ou um médio para o sector defensivo, ao contrário do que fazem boa parte das equipas que defrontam os “grandes”.

A equipa minhota montou até um sector defensivo bastante alto em vários momentos, algo que dava ao Benfica bastante espaço para explorar atrás da linha defensiva do Gil.

Na primeira meia hora, os “encarnados” não mostraram capacidade e/ou predisposição para explorarem o espaço e isso facilitou a vida ao Gil, que tinha a zona média bastante povoada e capaz de fechar o espaço entre linhas.

Só quando o Benfica experimentou algumas bolas no espaço é que os centrais do Gil começaram a recear mais as bolas longas e o espaço entre linhas aumentou.

Rafa apareceu mais no jogo, com progressões em condução e em passe, e a equipa começou a somar oportunidades de golo. Houve golo anulado aos 23’ e aos 32’, este último numa das tais tentativas de explorar o espaço. Também Neres teve uma bola no espaço que o isolou – falhou perante Andrew, que ainda salvou remates de Florentino e Neres pouco depois.

O Gil, mesmo sem ocasiões tão claras, esteve perto do golo um trio de vezes, sobretudo em remates de meia distância. E Vlachodimos, por vezes com intervenções algo estranhas, foi defendendo o que lhe aparecia pela frente.

Jogo "morno"

Na segunda parte, o Gil reduziu de forma clara o espaço nas costas da defesa. Não necessariamente por baixar as zonas de pressão, que se mantiveram semelhantes, mas porque havia rapidez maior a recuar as linhas quando o Benfica verticalizava o jogo.

Houve, assim, menos transições e o jogo ficou mais disputado a meio-campo, com muitos duelos. O Gil não tinha especial vontade de atacar após o intervalo, mesmo tendo tido um lance perigoso num remate de Tiba de fora da área, e isso dava ao jogo um perfil menos interessante – menos espaço para o Benfica criar, menos interesse do Gil em atacar.

E notava-se também alguma incapacidade do Benfica em rodar a bola com maior fluidez, já que João Neves e Florentino, que conseguiram fazê-lo bem na primeira parte, pareciam estar com menor fulgor na circulação, algo que facilitava a cobertura dos espaços ao adversário.

Numa fase em que parecia já faltar alguma clarividência – o desgaste também parecia estar a entrar na equação –, o Benfica conseguiu chegar ao golo. Atraiu a pressão ao Gil a um dos lados e, perante o atraso minhoto a rodar o bloco, conseguiu que Aursnes tivesse espaço para um bom cruzamento para a cabeça de Chiquinho.

Fazia sentido naquele momento do jogo? Nem por isso. Fazia sentido perante o que já se tinha passado? Poucos dirão que não. E foi curioso que o cruzamento do escandinavo tivesse surgido numa fase em que já não actuava como lateral-direito, mas sim como médio, depois da entrada de Gilberto.

Aos 85’, um penálti descortinado pelo VAR permitiu a Fábio Veríssimo colocar Grimaldo na marca dos 11 metros e o espanhol não falhou. Estava confirmado o triunfo em Barcelos, a consolidação da liderança e atirada a pressão para o Estádio do Dragão.

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