O nada é só o resto*

Sendo a época de nêsperas (há quem lhes chame magnórios) seria natural que delas me lembrasse. Mas não foi por isso. Foi por causa do parecer.

Apesar de este ano a nespereira não ter dado frutos, ultimamente tenho pensado muito em nêsperas. A nespereira é jovem – terá três, quatro anos – e foi por várias vezes arrancada à terra por uma cadela endiabrada que, salva de um poço, ainda assim acabaria por desaparecer há largos meses. Isto, claro, não interessa nada ao leitor. “A dor da gente não sai no jornal”, para citar Chico Buarque – e talvez por isso tanta gente corra para as redes sociais a partilhar com estranhos a morte de entes queridos, os corpos sem vida muito longe ainda de terem atingido o algor mortis. É uma hipótese piedosa.

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