Em 2022, 58,1% dos portugueses não leram um único livro

Inquérito à qualidade de vida do INE mostra que a satisfação dos portugueses com a vida em geral aumentou em relação ao período pré-covid-19.

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Os jovens são o grupo etário que apresenta a maior satisfação com a vida em geral Paulo Pimenta (arquivo)

Mais de metade da população portuguesa com 16 e mais anos passa um ano sem ler um único livro. A conclusão consta da avaliação da qualidade de vida feita pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no inquérito relativo ao rendimento e condições de vida, que conclui ainda que, numa escala de zero a 10, a satisfação de vida dos portugueses se fixa nos sete pontos.

Entre os inquiridos, 58,1% referiram não ter lido um livro nos 12 meses anteriores ao inquérito, a maior parte dos quais (65,7%) por falta de interesse. Entre os 40% que leram pelo menos um livro, quase 70% leram apenas entre um e quatro livros.

Os dados reportam-se ao ano de 2022. E, nesse ano, apesar de as restrições ditadas pela pandemia estarem já levantadas, 55,9% dos portugueses também não foram uma única vez ao cinema (26,4%) ou a um concerto ou teatro (30,8%) nem visitaram museus, galerias ou monumentos históricos (36,2%).

Apesar disso, a satisfação geral com a vida e a confiança nas pessoas em geral aumentaram em relação ao período pré-covid-19, fixando-se agora nos referidos sete pontos – eram 6,8 pontos em 2018.

Sem surpresas, a satisfação com a vida em geral é maior no grupo etário dos 16 aos 24 anos (7,6 pontos) do que no grupo dos 75 e mais anos (6,5 pontos). Do mesmo modo, os detentores do ensino secundário e superior tendem a mostrar-se também mais satisfeitos com a vida.

Homens mais satisfeitos do que as mulheres

De resto, os homens apresentam-se mais satisfeitos do que as mulheres com a vida em geral: 21,3% referiram um grau de satisfação elevado, acima dos 18,7% das mulheres que disseram o mesmo.

Sopesados os factores que mais contribuem para a satisfação com a vida, as relações pessoais surgiram à cabeça dos motivos que mantêm as pessoas felizes, enquanto a situação financeira pesa em sentido contrário. Aliás, a satisfação dos portugueses com as relações pessoais é mais elevada do que no período pré-covid-19 e fixou-se, em 2022, nos 8,2 pontos, na referida escala de zero a 10.

No que toca à situação financeira, a média fixou-se nos seis pontos – inferior, portanto, aos sete pontos de satisfação com a vida em geral. De resto, 39,3% das pessoas declararam-se insatisfeitas com a situação financeira do agregado e apenas 12,8% tinham uma satisfação elevada.

Esta insatisfação com o dinheiro é particularmente evidente entre os mais velhos, sendo que foi entre os detentores de um diploma universitário que a satisfação com a situação financeira apresentou um nível mais elevado, de 16%, mais 3,2 pontos percentuais do que os que completaram o secundário e mais 4,8 pontos percentuais dos que não passaram do ensino básico.

Nas quatro semanas anteriores ao inquérito, 65,8% da população sentiu-se feliz “sempre ou na maior parte do tempo”, uma proporção que era mais elevada no caso dos homens (71,9%) do que no das mulheres (60%). Entre os idosos, 15,3% referiram que nunca se sentiram felizes, ou sentiram-se, mas durante pouco tempo, numa percentagem que nos escalões etários inferiores se fixou nos 6,8%.

Apesar de tudo, 78,5% dos inquiridos garantiram que nunca se sentiam sós ou isolados (61,8% a partir dos 75 anos de idade) e 97% referiram sentir que tinham familiares, amigos ou vizinhos a quem podia recorrer. Entre as mulheres, a proporção das que se sentem sós e isoladas na maior parte do tempo era de 17,2%, contra 10,8% dos homens que declararam sentir-se do mesmo modo.

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