Está de volta a versão doméstica do Sporting, que empatou com o Arouca

É certo que acertou duas vezes nos postes e foi quem mais quis ganhar, mas os “leões” voltaram a mostrar desempenho interno diferente do europeu.

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O Arouca empatou o Sporting em Alvalade LUSA/TIAGO PETINGA

Lá fora, uma coisa. Cá dentro, outra coisa. É esta a vida do Sporting, que continua sem trazer ao labor doméstico aquilo que leva – e bem – ao labor europeu.

Neste domingo, os “leões” empataram (1-1) frente ao Arouca, na I Liga (ficam a sete pontos do terceiro lugar do Sp. Braga), depois de um desempenho tremendo na quinta-feira, frente à Juventus, e antes de novo duelo com os italianos, que ditará o futuro na Liga Europa.

Ao contrário do que aconteceu com a equipa de Turim, este Sporting não foi assim tão competente nem assim tão ameaçador – e, por extensão, também não foi assim tão perdulário.

É certo que desperdiçou vários lances de ataque bem construídos, mas, desta vez, não passou propriamente pela falta de eficácia – houve também falta de futebol em muitos momentos.

Nessa medida, o Arouca mereceu este desfecho? É difícil dizê-lo, porque pouco atacou, mas uma coisa é certa: o golo marcado ainda na primeira parte foi claramente provocado e trabalhado, não foi obra do acaso.

Sempre pela esquerda

O Sporting levou a este jogo um “onze” com algumas alterações, nomeadamente sem Morita e com Arthur no lugar de Edwards.

Nesta medida, deu-se a situação de haver, no corredor esquerdo, Matheus Reis a subir de central, Nuno Santos pelo corredor e Trincão pela meia-esquerda do ataque. Se a estes três juntarmos Pedro Gonçalves a cair naquele lado, o Sporting tinha ali um quarteto para criar desequilíbrios. E foi precisamente essa a via escolhida.

A equipa “leonina” insistiu bastante nesse lado do ataque. Aos 8’, uma jogada de Matheus, Nuno Santos e Trincão acabou com cruzamento sem finalização. Aos 9’, novo cruzamento de Nuno Santos outra vez sem finalização. Aos 14’, outro cruzamento da esquerda, desta fez com finalização torta de Chermiti. Aos 18’, mais um cruzamento de Nuno Santos, que serviu um remate de Pote para fora.

Umas vezes o Sporting fez solicitação directa de Nuno Santos, outras consegui-o atraindo o Arouca ao lado direito. Mas o propósito era sempre o de criar o desequilíbrio pela esquerda.

A excepção foi a bola colocada por Diomande em profundidade, aos 22’, para um cruzamento de Arthur novamente não finalizado por Chermiti.

Com o bloco defensivo denso – eram seis defensores mais três médios –, o Arouca prestava-se, com bola, a ter um 4x3x3 audaz na predisposição para construir desde trás. E foi assim que aos 39’ conseguiu “chamar” o Sporting com construção baixa e a equipa “leonina”, sem subir em bloco nessa pressão, deixou espaço entre linhas explorado pelo Arouca com um simples passe por cima da primeira linha do Sporting.

Desequilíbrio, transição e, já na área de Adán, um corte torto de Diomande deixou Antony na cara do golo.

Apesar de parecer injusto pela falta de aventuras ofensivas do Arouca, o 0-1 – que chegou quatro minutos depois de um penálti identificado pelo VAR e falhado por Pedro Gonçalves – merece elogio por ter sido claramente provocado e trabalhado e não uma obra do acaso.

Bolas ao poste

Na segunda parte houve alguma incapacidade “leonina” de chegar a situações de finalização, sobretudo pela lentidão com que a bola ia rodando de um lado ao outro – permitia-se, portanto, que o Arouca nunca tivesse o bloco atrasado.

É verdade que houve duas bolas ao poste em lances de bola parada, mas em jogo corrido estava a ficar provado que a via mais eficaz passaria por ter um dos centrais mais abertos a criarem desequilíbrios com bola. Matheus fê-lo algumas vezes e Diomande, que já tinha feito uma vez na primeira parte, voltou a fazer na segunda, lançando Arthur em profundidade. Não houve golo, mas houve perigo.

Sem ajuda de um deles o cenário era complicado, até porque o Arouca já não defendia em 6x3x1, mas por vezes em 6x4, com os 11 jogadores bastante recuados, em processo defensivo permanente. E “ataque” já não era sequer um conceito.

Para os últimos 15 minutos Rúben Amorim colocou Coates a ponta-de-lança, ao lado de Chermiti, e houve “chuveirinho” – umas vezes vindo da ala, outras directamente dos centrais.

Sem relação directa com a opção táctica, Pote sofreu penálti aos 85’, num lance individual, e marcou o 1-1. Depois, mais “chuveirinho”, mas sem sucesso.

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