FC Porto vence na Luz e relança luta pelo título

Triunfo de reviravolta dos “dragões” sobre o Benfica (1-2) deixa diferença para o líder reduzida a sete pontos, ainda com sete jornadas pela frente.

Foto
Taremi marcou o golo do triunfo portista na Luz EPA/ANTONIO COTRIM

Nesta altura do campeonato, já sabemos do que são feitas as equipas. O Benfica tem sido um líder consistente, com poucas oscilações, e não tem deixado grande margem de manobra aos adversários directos – mérito para Roger Schmidt e para a fórmula que tem funcionado no campeonato e na Europa. E o FC Porto, bem mais irregular do que é habitual, nunca tem ordem para desistir – e isso é uma filosofia que Sérgio Conceição encarna como ninguém. Em dia de “clássico” num feriado, as “águias” não tinham tudo em jogo e talvez não tenham dado tudo, ao contrário dos “dragões”, que deram mesmo tudo desde o início. Na Luz, o FC Porto foi a equipa que quis mais e, por isso, ganhou. Ganhou o “clássico” por 1-2 e ganhou tempo para se manter na luta pelo título.

Claro que, depois deste “clássico”, o Benfica continua a ser um líder destacado e com margem de manobra, mas, talvez, menos tranquilo e menos seguro do que está a fazer, e não esquecer que tem ainda de pensar na Liga dos Campeões – e tem ainda confrontos com Sp. Braga e Sporting. E o FC Porto, mesmo a sete pontos de diferença a sete jornadas do fim, já não tem o “estorvo” europeu, tem um calendário menos complicado e sai da Luz com o ascendente emocional.

Como se esperava, a equipa de Sérgio Conceição entrou com tudo. O técnico arriscou no regresso de jogadores que vinham de lesão – Pepe e Diogo Costa – e manteve Manafá na ala, apostando num meio-campo reforçado e com apenas um ponta-de-lança, Taremi. Do lado “encarnado”, Schmidt fez o que se esperava, com o regresso de Florentino ao núcleo central, ao lado de João Mário e Chiquinho.

As primeiras sensações foram de um FC Porto sem medo de arriscar porque não tinha nada a perder. Logo aos 4’, uma aproximação perigosa, com Taremi a aparecer isolado, mas António Silva e Bah taparam-lhe o caminho. O Benfica estava expectante, à espera de uma falha para acelerar e marcar. Foi exactamente o que aconteceu.

Minuto 10. Wendell deixa a via aberta para Bah, que avança pelo flanco e tem tempo e espaço para o cruzamento. A bola saiu directamente do pé do dinamarquês para a cabeça de Gonçalo Ramos, depois para a trave, nuca de Diogo Costa e para dentro da baliza. O golo acabaria por ser atribuído ao guarda-redes do FC Porto, mas era o testemunho dos méritos de Ramos como ponta-de-lança de eleição: sítio certo e hora certa.

Só que o Benfica voltou à mesma atitude com que iniciara o jogo, o de esperar que algo acontecesse. Um passe errado, uma intercepção que conduzisse a uma transição rápida a caminho do golo. Mas poucas vezes aconteceu porque os médios, sobretudo Chiquinho e Florentino, ganharam poucas batalhas importantes. Ao contrário dos médios portistas, que chegavam sempre primeiro. O domínio territorial foi sempre dos visitantes, só precisavam de uma jogada para nivelar.

Essa jogada aconteceu aos 45’. Pela direita, Manafá picou a bola na direcção de Pepê e o médio brasileiro, com uma assistência de peito, conduziu a jogada para o pé direito de Uribe. O colombiano rematou cruzado e fez o empate, dando algum sabor a justiça no que já se tinha visto em meio jogo. E, ainda antes do intervalo, os portistas ainda festejaram a reviravolta aos 48’, num belo remate de Galeno – mas o extremo brasileiro estava seis centímetros adiantado quando entrou na jogada.

Depois do intervalo, o equilíbrio de forças manteve-se. Mais FC Porto, menos Benfica. E, aos 54’, os portistas tiveram o seu prémio. Corte mal medido de Otamendi em zona proibida e Taremi fez aquilo que sabe fazer, marcar golos. Podia ter feito o mesmo aos 74', numa jogada em que havia uma superioridade de três para um, mas o avançado iraniano decidiu mal.

Não foi preciso. O Benfica não conseguiu reentrar na luta pela vitória e nunca esteve muito perto de chegar ao empate. Schmidt foi lançando pernas frescas para o ataque - Neres e Musa - sem grandes efeitos para, sequer criar situações de finalização. Os portistas, liderados no seu esforço defensivo pelo eterno Pepe, não deixaram as águias chegar à sua baliza.

Veremos se esta derrota terá sequelas para o campeonato e para a Liga dos Campeões. Não foi apenas a derrota, apenas a segunda em todo o campeonato e os primeiros pontos perdidos na segunda volta. Deixou moralizado o adversário que está mais próximo. E essa foi a outra vitória que o FC Porto conseguiu na Luz.

Sugerir correcção
Ler 28 comentários