Covid-19: cirurgias adiadas levaram a aumento de 45 dias no tempo de espera

Foram adiadas 236 mil cirurgias, entre Março de 2020 e Julho de 2022, revela Entidade Reguladora da Saúde.

Foto
Pandemia de covid-19 levou ao adiamento de milhares de cirurgias Manuel Roberto

O cancelamento da actividade programada no Serviço Nacional de Saúde (SNS) devido à pandemia levou a um aumento de mais 45 dias do tempo médio de espera para cirurgia, indicou esta quarta-feira a Entidade Reguladora da Saúde (ERS).

"As cirurgias adiadas entre Março de 2020 e Julho de 2022 conduziram a um aumento médio no tempo de espera para atendimento de 45 dias, tendo-se verificado que o impacto foi superior nas cirurgias adiadas por motivo "contingência/covid-19" (88 dias), avança o relatório da ERS sobre a recuperação da actividade assistencial no SNS.

De acordo com o documento, com este aumento de 45 dias devido aos adiamentos por vários motivos, a média de tempo de espera efectivo para cirurgia subiu dos 114 para os 159 dias nos hospitais públicos.

O regulador da saúde adianta ainda que foram analisados cerca de 236 mil registos de "inscrições para cirurgia que foram alvo de adiamento" no período de Março de 2020 a Julho de 2022 e que a oftalmologia foi a especialidade que registou mais adiamentos, seguindo-se a cirurgia geral e a ortopedia.

Já no primeiro semestre de 2022, "observaram-se aumentos muito significativos nas cirurgias reagendadas, destacando-se o aumento observado na região de saúde do Norte (61%)", adianta.

A ERS indica ainda que em 2020, face a 2019, se registou um aumento de 23% e 30% no número de primeiras consultas e consultas subsequentes canceladas, salientando que, embora em 2021 se tenha verificado uma melhoria em alguns dos indicadores, "não foi ainda possível alcançar os níveis pré-pandemia para todas as áreas de cuidados".

Em 2021 verificou-se uma retoma da actividade, com as primeiras consultas, consultas subsequentes e cirurgias programadas a registarem aumentos de 17%, 9% e 26%, em relação ao ano anterior, indica o documento.

"Em termos de actividade realizada, no primeiro semestre de 2022 alcançou-se o valor mais elevado de consultas médicas realizadas em todos os semestres dos anos em análise, que foi transversal tanto às primeiras consultas como às consultas subsequentes, tendo-se verificado o mesmo para as cirurgias programadas e para as cirurgias de ambulatório, tornando-se evidente o esforço de recuperação" no SNS, sublinha.

No primeiro semestre deste ano foram realizadas 6.517.292 consultas médicas no SNS.

Em 16 de Março de 2020, o Ministério da Saúde determinou a suspensão da actividade programada não urgente nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), em resposta ao aumento de pressão sobre o sistema de saúde causado pela pandemia.

Sugerir correcção
Comentar