FC Porto vence embalado por um trio improvável

A equipa portista não fez um jogo de alto nível, mas fez mais do que o suficiente para vencer o Portimonense, sobretudo na primeira parte.

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FC Porto e Portimonense em duelo Reuters/MIGUEL VIDAL

Se pedirmos a adeptos do FC Porto para apontarem um trio de jogadores portistas que desdenhem, possivelmente um largo número de pessoas juntaria Manafá, Fábio Cardoso e Wendell. Mas foram precisamente estes os responsáveis pelo triunfo do FC Porto neste domingo, criando, entre eles, o único golo do jogo.

A equipa portista bateu o Portimonense (1-0) em partida da jornada 26 da I Liga, resultado que permite aos “dragões” mimetizarem o que fez o Benfica, mantendo tudo na mesma no topo do campeonato – são dez pontos de diferença.

O Portimonense levou a este jogo um 5x3x2 bastante fácil de decifrar. O bloco era muito pouco dinâmico e “mexia” pouco em função do que o FC Porto fazia. O plano era, sobretudo, não cair nos engodos criados entre linhas e só sair na pressão ao portador da bola “pela certa”.

Nessa medida, a parca variabilidade portista no seu futebol ofensivo colaborou na ideia algarvia, que podia ter o seu “funil” muito cómodo – os dois atacantes não faziam pressão alta e tapavam os médios portistas, Otávio e Uribe, que pouco conseguiam jogar.

Só por volta dos 15’ o FC Porto conseguiu criar futebol ofensivo de qualidade, colocando Pepê, extremo-direito, e Taremi, segundo avançado, fora das suas posições.

O brasileiro, jogando mais por dentro do que no início da partida, conseguiu espaço para duas jogadas interessantes – uma que teve, depois, assistência de Taremi para remate de Martínez e outra que teve cruzamento para nova finalização de Martínez, defendida por Nakamura. E o guardião ainda salvou novo remate do espanhol pouco depois, num cabeceamento.

Outra forma que o FC Porto arranjou de criar dúvidas na defesa algarvia foi seduzir os laterais adversários a saírem aos laterais portistas – algo que Paulo Sérgio, em teoria, não queria que acontecesse.

Com os laterais comprometidos com um lateral do FC Porto, Pepê e Galeno tiveram mais espaço para jogar, sobretudo quando Taremi entrava no três contra dois.

Aos 28’ houve um lance de perigo criado por essa dinâmica com o iraniano, mas os “dragões”, mesmo já conseguindo criar futebol, estavam com dificuldade em finalizar com qualidade.

Foi preciso, portanto, que uma bola parada ajudasse. Aos 30’, a seguir a um canto, os jogadores portistas mantiveram-se na área do Portimonense e a natural confusão com as marcações permitiu a Wendell ter espaço para cruzar para a cabeça de Fábio Cardoso.

Começou em Manafá, passou por Wendell e terminou em Fábio Cardoso: seria difícil imaginar um golo mais improvável.

Na segunda parte houve golo portista (perda de bola do Portimonense), por Galeno, mas acabou por ser invalidado com ajuda do VAR, que descobriu uma falta no início do lance.

O Portimonense estava mais audaz – ou pelo menos mais rematador – e a confiança ganha com esses momentos acabou por entusiasmar a equipa para mais momentos ofensivos e, sobretudo, para mais gente em zona ofensiva.

O FC Porto começou por entender essa diferença como o cenário perfeito para “matar” o jogo em transições, mas esse momento nunca surgiu – pelo menos não de forma legal, como no golo anulado.

Até que a expulsão de Lucas, por segundo amarelo, destruiu o que ainda poderia acontecer de positivo para os algarvios. O FC Porto passou a controlar o jogo com bola, fazendo o Portimonense correr inocuamente atrás dela. E os minutos foram passando sem que muita coisa de relevo acontecesse. O Portimonense não conseguia mais, o FC Porto não queria mais.

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