Cientistas brasileiros encontraram “assustadoras” rochas de plástico numa ilha remota

“A poluição atingiu a geologia”, avisa uma equipa de cientistas que encontrou plástico derretido entrelaçado em rochas numa ilha de um pequeno arquipélago no Brasil. Eis os “plastiglomerados”.

azul,plastico,ambiente,poluicao,oceanos,geologia,
Fotogaleria
Fernanda Avelar Santos segura uma "rocha de plástico" encontrada na Ilha da Trindade, no estado do Espírito Santo, no laboratório da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, no Brasil Rodolfo Buhrer/REUTERS
azul,plastico,ambiente,poluicao,oceanos,geologia,
Fotogaleria
Cientistas e as "rochas de plástico" encontradas na Ilha da Trindade, no Brasil Rodolfo Buhrer/REUTERS
azul,plastico,ambiente,poluicao,oceanos,geologia,
Fotogaleria
Cientistas e as "rochas de plástico" encontradas na Ilha da Trindade, no Brasil Rodolfo Buhrer/REUTERS
azul,plastico,ambiente,poluicao,oceanos,geologia,
Fotogaleria
Cientistas e as "rochas de plástico" encontradas na Ilha da Trindade, no Brasil Rodolfo Buhrer/REUTERS
,Pedra
Fotogaleria
Cientistas e as "rochas de plástico" encontradas na Ilha da Trindade, no Brasil Rodolfo Buhrer/REUTERS
,Pedra
Fotogaleria
Cientistas e as "rochas de plástico" encontradas na Ilha da Trindade, no Brasil Rodolfo Buhrer/REUTERS
,Plástico
Fotogaleria
Cientistas e as "rochas de plástico" encontradas na Ilha da Trindade, no Brasil Rodolfo Buhrer/REUTERS

A geologia da ilha vulcânica Trindade, que faz parte do arquipélago brasileiro Trindade e Martim Vaz (localizado no Oceano Atlântico, a cerca de 1200 quilómetros a leste da sede do município de Vitória, no estado do Espírito Santo, no Brasil), fascina os cientistas há anos. Mas a descoberta de rochas feitas de detritos de plástico neste remoto refúgio de tartarugas foi uma surpresa que causou alarme.

O plástico derretido ficou entrelaçado com rochas na ilha, num fenómeno que os investigadores dizem ser uma prova da crescente influência do homem sobre os ciclos geológicos da Terra. "Isto é novo e assustador ao mesmo tempo, porque a poluição atingiu a geologia", disse Fernanda Avelar Santos, geóloga da Universidade Federal do Paraná.

Foto
Um dos exemplares das bizarras rochas de plástico encontradas pelos cientistas brasileiros Rodolfo Buhrer/REUTERS

A cientista brasileira e a sua equipa fizeram vários testes químicos para descobrir que tipo de plásticos estão nas rochas que são chamadas "plastiglomerados", porque são feitos de uma mistura de grânulos sedimentares e outros detritos mantidos juntos pelo plástico.

"Identificámos [a poluição] que provém principalmente de redes de pesca, que são detritos muito comuns nas praias da ilha de Trindade", disse Fernanda Santos. "As redes são arrastadas pelas correntes marinhas e acumulam-se na praia. Quando a temperatura sobe, este plástico derrete e fica incrustado com o material natural da praia".

Refúgio de tartarugas

A ilha Trindade é um dos pontos de conservação mais importantes do mundo para as tartarugas verdes, ou Chelonia mydas, com milhares a chegar todos os anos para pôr os seus ovos. Os únicos habitantes humanos na Trindade são membros da marinha brasileira, que mantém uma base na ilha e protege as tartarugas que ali nidificam.

"O local onde encontramos estas amostras (de plástico) é uma área permanentemente preservada no Brasil, perto do local onde as tartarugas verdes põem os seus ovos", alerta Fernanda Avelar Santos. A descoberta suscita questões sobre o legado do homem na terra, conclui.

"Falamos tanto do Antropoceno, e é isto", diz a cientista, referindo-se a uma proposta de época geológica definida pelo impacto do homem sobre a geologia e os ecossistemas do planeta.

E lamenta: "A poluição, o lixo no mar e o plástico despejado incorrectamente nos oceanos está a tornar-se material geológico preservado nos registos geológicos da Terra".

Sugerir correcção
Ler 5 comentários