Benfica teve sangue, suor e sorrisos em Vizela

Houve vitória do Benfica, mas poderia ter havido empate - ou mesmo triunfo do Vizela. Numa bela partida de futebol, os “encarnados” regressam a Lisboa com a sensação de que sobreviveram a este jogo.

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Benfica e Vizela em jogo na I Liga Reuters/MIGUEL VIDAL

Foi 0-2, mas poderia ter sido 1-1. Ou 2-1. Ou 2-2. Ou 3-2. Ou 2-3. Ou mesmo 3-3. O Vizela-Benfica poderia ter acabado de diversas formas, mas acabaram por ser os “encarnados” a triunfarem no final de uma partida na qual a defesa mostrou sangue e suor – e só os postes, Odysseas e o desacerto vizelense salvaram o Benfica das lágrimas.

Apesar de um jogo muito difícil e do sofrimento que existiu, o triunfo do Benfica não pode ser tratado como casual e injusto. Os “encarnados” fizeram por vencer o jogo e foi João Mário quem garantiu, com dois golos, que a equipa vai manter, no mínimo, os cinco pontos de vantagem na liderança do campeonato.

No fim de contas, alguém estranha este desfecho? Ninguém. Alguém estranharia um empate? Também dificilmente alguém o faria. E mesmo um triunfo do Vizela não seria chocante. Foi, em suma, um belo jogo de futebol.

Transições, transições, transições

Antes do jogo, em busca de tendências relevantes sobre as equipas, fomos dar com uma estatística do Who Scored que aponta que o Vizela é a equipa da I Liga que menos tempo passa no terço central do campo. Uma trivialidade que não tinha, por si só, um significado claro – ou, pelo menos, que permitisse concluir categoricamente o que quer que fosse.

Mas o jogo acabou por explicar esse dado estatístico. O Vizela foi uma equipa que alternou entre momentos de uma tremenda audácia na pressão à primeira fase de construção do Benfica com momentos de uma defesa bastante baixa.

Possivelmente numa tentativa de surpreender o Benfica com momentos de pressão alta repentina, o Vizela acabou por deixar o jogo partir-se – a tal tendência para não passar muito tempo no terço central do terreno.

Foi, por isso, um jogo muito interessante de seguir. Houve espaço para jogar e constantes contra-ataques.

O Benfica, que surgiu sem Rafa, também teve uma particularidade interessante. Apesar de terem Aursnes no meio-campo, com Florentino, os “encarnados” foram mais permeáveis a transições – a indicação, nada paradoxal, de que ter um jogador defensivo em zonas ofensivas (como tem acontecido com o norueguês) pode ser mais útil sem bola do que tê-lo em zona mais recuada.

Nessa medida, o Benfica pareceu ter João Mário, Neres, Guedes e Ramos numa “equipa diferente” dos restantes jogadores e sofreu com isso.

Os lisboetas tiveram lances perigosos de contra-ataque aos 15’ e aos 26’ e o Vizela teve aos 18’, 25’ e 35’ – Buntic e Odysseas salvaram grandes oportunidades de golo.

Aos 38’, num dos tais momentos em que teve pouco pudor a levar jogadores para o ataque, o Vizela ficou exposto a outra transição “encarnada”. Guedes conduziu inicialmente, Neres definiu a jogada e João Mário respondeu a um cruzamento atrasado com um remate na passada – 18.º golo na temporada.

Aursnes para “colar” a equipa

É certo que o Benfica estava mais ofensivo, mas o Vizela até tinha tido os lances mais evidentes de golo. No balanço, o 0-1 até poderia ser considerado pesado para aquilo que a equipa de Tulipa tinha feito. Ou mesmo injusto.

O Vizela voltou a estar perto do golo aos 51’ e 53’ (num dos lances até se pediu pontapé de penálti) e Roger Schmidt quis trancar a equipa. Lançou Chiquinho, tirou Guedes e voltou a colocar Aursnes numa zona mais avançada.

A ideia não teve efeito imediato. Aos 65’, o Vizela voltou a estar perto do golo – num contra-ataque, claro, mesmo já com o Benfica teoricamente mais precavido. Nessa jogada, Osmajic cabeceou à trave e Bondoso, na recarga, acertou no poste.

O trabalho de Florentino, Chiquinho e Aursnes (que falhou muitos passes nesta noite) acabou por serenar a equipa, que se tornou menos permeável.

É certo que nunca pareceu capaz de “matar” o jogo, mas o Benfica conseguiu estar menos exposto ao perigo. E, depois de ter sofrido o que sofreu, era só isso que interessava ao líder da I Liga.

Só aos 90+5' tudo acalmou para o Benfica, com João Mário a converter um penálti quando o Vizela já jogava com 10 (expulsão de Anderson por duplo amarelo).

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