Uma casa na favela é a melhor habitação para o Archdaily — que também premiou o Convento do Beato

O Centro de Eventos Convento do Beato é o Edifício do Ano na categoria de melhor uso de produtos, segundo a Archdaily.

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Casa na favela e Centro de Eventos Convento do Beato foram premiados pelo Archdaily Leonardo Finotti / Carolina Delgado

Uma casa construída numa favela brasileira é a casa do ano no concurso do Archdaily que todos os anos põe os leitores a eleger os 15 melhores projectos de arquitectura. A arquitectura portuguesa também está representada nos premiados com o Centro de Eventos Convento do Beato, em Lisboa, vencedor da categoria de melhor aplicação de produto.

Tomás Salgado, um dos arquitectos do atelier Risco, em Lisboa, foi apanhado de surpresa pela primeira distinção da obra de reabilitação — de tal forma que nem ele consegue bem explicar a categoria onde se insere. Arrisca que se deve ao desenho do novo tecto do claustro, que permite um melhor isolamento térmico e acústico através de "um sistema de treliças, ortogonais entre si, que formam um conjunto de 'favos' iluminados superiormente por clarabóias", lê-se, na descrição do projecto.

O prémio distingue "uma reabilitação bem conseguida", auto-avalia, que resultou num centro de eventos moderno e confortável sem "descaracterizar espaços absolutamente notáveis do ponto de vista patrimonial e arquitectónico".

O centro de eventos do Convento do Beato Carolina Delgado
Carolina Delgado
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O centro de eventos do Convento do Beato Carolina Delgado

O projecto nacional foi desenvolvido pelo gabinete Risco para o Beato Lux e contempla a remodelação do centro de eventos, premiado neste concurso, mas também a reabilitação e remodelação dos restantes edifícios do complexo para novas utilizações, nomeadamente serviços na antiga igreja e habitação nos antigos edifícios industriais, em Lisboa. As obras começaram em 2018 e devem terminar em 2024.

"Espero que para o ano ganhemos com os edifícios que estamos a reabilitar para habitação", ri-se Tomás Salgado.

Uma casa na favela como melhor do mundo

Conhecida como a "casa do pomar do cafezal", a habitação brasileira dá nas vistas numa viela íngreme no Aglomerado da Serra, nos arredores de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais.

Com uma área de 66 metros quadrados, a casa de dois andares foi construída com os mesmos materiais das outras casas deste gigantesco complexo de favelas, que abriga cerca de 100 mil habitantes. A fachada de tijolo e cimento da habitação não é pintada, as tubagens de água são externas, assim como as ligações eléctricas. As janelas são de ferro, como as das casas vizinhas.

É uma casa que pode ter um custo muito parecido com as demais da favela, mas a diferença está na forma como os elementos foram utilizados. O projecto foi dirigido e assinado pelos arquitectos Fernando Maculan e Joana Magalhães, membros do Levante, colectivo de voluntariado em favelas e que reúne diversos profissionais como engenheiros, electricistas, paisagistas e designers, além de estudantes.

A Casa no Pomar do Cafezal, localiza-se no Aglomerado da Serra, uma das maiores favelas de Belo Horizonte Leonardo Finotti
A Casa no Pomar do Cafezal, localiza-se no Aglomerado da Serra, uma das maiores favelas de Belo Horizonte Leonardo Finotti
A Casa no Pomar do Cafezal, localiza-se no Aglomerado da Serra, uma das maiores favelas de Belo Horizonte Leonardo Finotti
A Casa no Pomar do Cafezal, localiza-se no Aglomerado da Serra, uma das maiores favelas de Belo Horizonte Leonardo Finotti
A Casa no Pomar do Cafezal, localiza-se no Aglomerado da Serra, uma das maiores favelas de Belo Horizonte Leonardo Finotti
A Casa no Pomar do Cafezal, localiza-se no Aglomerado da Serra, uma das maiores favelas de Belo Horizonte Leonardo Finotti
A Casa no Pomar do Cafezal, localiza-se no Aglomerado da Serra, uma das maiores favelas de Belo Horizonte Leonardo Finotti
A Casa no Pomar do Cafezal, localiza-se no Aglomerado da Serra, uma das maiores favelas de Belo Horizonte Leonardo Finotti
A Casa no Pomar do Cafezal, localiza-se no Aglomerado da Serra, uma das maiores favelas de Belo Horizonte Leonardo Finotti
A Casa no Pomar do Cafezal, localiza-se no Aglomerado da Serra, uma das maiores favelas de Belo Horizonte Leonardo Finotti
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A Casa no Pomar do Cafezal, localiza-se no Aglomerado da Serra, uma das maiores favelas de Belo Horizonte Leonardo Finotti

Mais vencedores

A arquitectura do Brasil destacou-se nos prémios dos Edifício do Ano do Archdaily, com três projectos distinguidos. Além do prémio para melhor Casa, os escritórios dos exportadores de café Carmo Coffees, desenhados pelo atelier Gustavo Penna Arquiteto e Associados, venceram em Arquitectura Industrial e o Pavilhão do Brasil na Expo do Dubai em 2020, do gabinete MMBB Arquitetos, ganhou o melhor edifício na categoria de Arquitectura Cultural.

The Chamber Church, do atelier chinês Büro Ziyu Zhuang, é o Edifício do Ano na categoria Arquitectura Religiosa. Shengliang Su
Em Berlim, o Atelier Gardens Studio 1, do atelier MVRDV, ganhou a Arquitectura de Interiores. Yasutaka Kojima, Stefan Korte
A Glass House de Max Núñez ganhou na categoria Pequena Escala e Instalações. Roland Halbe
A escola Jadgal, do atelier Daaz Office, venceu na categoria Arquitectura para a Educação Deed Studio
O Quzhou Sports Park do MAD Architects é o melhor projecto de Arquitectura de Desporto. CreatAR Images, Aogvision, Arch Exist, Fangfang Tian
Os melhores escritórios são os da CapitaSpring, dos BIG + Carlo Ratti Associati Finbarr Fallon
O Shanghai Suhe MixC World, na China, do Kokaistudios, é o Edifício do Ano na categoria Arquitectura Comercial.
Em Marrocos, o Hospital Universitário em Tânger ( Architecturestudio, Hajji & Elouali) é o melhor na categoria deArquitectura Hospitalar e de Bem-Estar Antoine Duhamel
Terrace House, da Austin Maynard Architects, venceu na categoria Habitação Derek Swalwell, Maitreya Chandorkar
O Pavilhão Brasileiro na Expo do Dubai, vencedor na categoria Arquitectura Cultural Joana França, Jon Wallis, Leonardo Finotti
One Green Mile (MVRDV), na Índia, é o melhor espaço de Arquitectura Pública Suleiman Merchant
House & Restaurant (junya ishigami + associates) venceu na categoria de Hospitalidade YASHIRO PHOTO OFFICE, Photo Ikko Dobashi
Escritórios dos exportadores de café Carmo Coffees, desenhados pelo atelier Gustavo Penna Arquiteto e Associados, venceram em Arquitectura Industrial. Leonardo Finotti
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The Chamber Church, do atelier chinês Büro Ziyu Zhuang, é o Edifício do Ano na categoria Arquitectura Religiosa. Shengliang Su

Uma estufa com uma floresta dentro, no Chile, valeu a Max Núñez a distinção na categoria de Pequena Escala e Instalações.

O reputado atelier MVRDV tem dois projectos na lista de 15 vencedores: um espaço público comunitário em Bombaim, na Índia, e o design de interiores de um espaço de co-work e escritórios em Berlim. O prémio para melhores escritórios, no entanto, foi para os da CapitaSpring, dos BIG + Carlo Ratti Associati, num arranha-céus em Singapura.

Noutras categorias: The Chamber Church, uma igreja do atelier chinês Büro Ziyu Zhuang, é o Edifício do Ano na categoria Arquitectura Religiosa; o Quzhou Sports Park, do MAD Architects, é o melhor projecto de Arquitectura de Desporto e a impressionante escola Jadgal, do atelier Daaz Office, venceu na categoria Arquitectura para a Educação.

Na Arquitectura Comercial, o prémio é do gigantesco Shanghai Suhe MixC World, na China, do Kokaistudios. O Hospital Universitário em Tânger (Architecturestudio, Hajji & Elouali) é o melhor na categoria de Arquitectura Hospitalar e de Bem-Estar e a House & Restaurant (junya ishigami + associates), no Japão, venceu na categoria de Hospitalidade.

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