Plano de mobilidade para a Jornada será conhecido em Março

Plano foi adjudicado em Dezembro à VTM. Comboios e metro serão reforçados, mas a maior resposta no acesso à capital estará nos autocarros.

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A Jornada Mundial da Juventude decorre em Agosto Nuno Ferreira Santos

Durante a visita do Papa a Lisboa, o Metro de Lisboa vai reforçar o seu serviço, os suburbanos da CP terão ao fim-de-semana o mesmo horário dos dias úteis e os apeadeiros de Bobadela e Sacavém deverão encerrar por motivos de segurança, devendo os peregrinos dirigir-se a Moscavide, Oriente e Santa Iria. A CP prevê colocar mais carruagens nas composições da sua oferta regular e organizar comboios especiais. Mas o grosso dos participantes chegará à capital de autocarro, que será o principal modo de transporte utilizado durante a Jornada Mundial da Juventude.

Estas são das poucas informações disponíveis acerca da mobilidade nos dias em que se espera que a Lisboa afluam entre 1,5 e 2 milhões de pessoas. O grupo de projecto para a JMJ só recebeu em 28 de Outubro, por resolução do Conselho de Ministros, a incumbência de preparar esta vertente. A nove meses da Jornada, estava ainda praticamente tudo por definir sobre as deslocações desta multidão, pelo que em 22 de Dezembro o coordenador do grupo de projecto, José Sá Fernandes, adjudica à VTM – Consultores em Engenharia e Planeamento um plano de operacionalidade da mobilidade para a região de Lisboa. Um ajuste directo por 89 mil euros, decidido pelo critério do preço mais baixo, após uma consulta prévia às empresas TIS – Transportes, Inovação e Sistemas, MPT – Mobilidade e Planeamento do Território, e Figueira de Sousa – Transportes e Mobilidade.

O objectivo do estudo em curso – que será apresentado na primeira quinzena de Março – não será o de estabelecer um plano de mobilidade para a cidade de Lisboa, mas tão-só um plano operacional específico para o transporte das pessoas durante os dias da JMJ. As equipas da VTM estão ainda na fase de recolha de informação, com reuniões com os operadores de transportes, Igreja e ministérios das Infra-Estruturas e do Ambiente. Pretende-se conhecer os fluxos dos peregrinos para se poder responder com uma oferta adequada pelo que o plano estará em constante actualização.

O transporte público será o elemento-chave para a mobilidade das pessoas e na área de Lisboa ocupa especial destaque o comboio, que serve precisamente o local onde decorrerá a visita do Papa. Mas os dois apeadeiros mais próximos – Bobadela e Sacavém – deverão estar encerrados por questões de segurança, uma vez que não têm capacidade de escoamento para tantos milhares de pessoas. Uma medida que é usual, por exemplo, quando há manifestações no Terreiro do Paço e se encerra a estação do metro para quebrar a concentração de pessoas e dispersá-las pelas estações de Santa Apolónia, Baixa-Chiado, ou Cais do Sodré. No caso do terreno junto ao rio Trancão, os jovens deverão deslocar-se para Moscavide, Oriente e Santa Iria a fim de apanharem o comboio.

A CP prevê manter no fim-de-semana da visita do Papa o mesmo serviço suburbano dos dias úteis e prevê organizar comboios especiais de vários pontos do país, além de reforçar a oferta regular com mais carruagens. Mas neste momento está ainda a receber pedidos de transporte por parte das dioceses e das agências de viagens, esperando fechar esse processo a 24 de Fevereiro, para depois se dedicar a delinear a oferta.

Uma das dificuldades é o eixo do Oeste, onde haverá uma grande concentração de peregrinos alojados, mas cuja linha férrea não oferece condições para o seu eficaz escoamento. De todo o país, porém, a maioria dos peregrinos deverá afluir a Lisboa em autocarro, estando ainda por decidir as zonas de estacionamento para estes. Felizmente para os organizadores do evento, o facto de serem jovens os utilizadores do sistema de transportes por esses dias, permite que as distâncias a percorrer a pé não sejam um drama.

Quanto aos fluxos internacionais, nada está ainda decidido sobre o plano de contingência para os aeroportos. Há a percepção de que uma grande parte dos jovens da América Latina deverá voar para Madrid, mas não significa que venham depois de avião para Lisboa. O autocarro deverá ser o modo de transporte por excelência. E da França, Alemanha, e até da Polónia, há também a previsão de centenas de autocarros.

CP e Renfe não têm ainda nenhum acordo para reatar a oferta internacional, nem que seja para a semana das Jornada. As relações ferroviárias entre os dois países são quase inexistentes desde que a Renfe decidiu acabar com o Lusitânia Expresso entre Lisboa e Madrid.

Em 2014, aquando da final da Liga dos Campeões entre o Atlético de Madrid e o Real Madrid, que trouxe milhares de adeptos dos dois clubes a Portugal, organizaram-se sete comboios especiais a pedido da Renfe entre Madrid e Lisboa. Mas, para já, e apesar do discurso oficial dos dois governos – alinhado com a Comissão Europeia – sobre a importância do modo ferroviário para a neutralidade carbónica, nada está previsto no transporte de peregrinos por caminho-de-ferro.

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