Quando voltar, Balogun vai ser um bom problema para o Arsenal

O jovem avançado inglês emprestado pelos “gunners” ao Reims tem mais golos marcados na Liga francesa do que Mbappé, Neymar ou Messi.

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Balogun em luta com Sergio Ramos num PSG-Reims CHRISTIAN HARTMANN/Action Images

Nada tem sido capaz de tirar o sorriso da cara dos adeptos do Arsenal. As jornadas vão passando e os “gunners” vão-se mantendo no topo da Premier League inglesa, com uma vantagem saudável sobre a concorrência, e o sonho de chegarem ao título 21 anos depois é cada vez mais real, mas, enquanto esse título não chegar, ninguém pensa no futuro. Um futuro que terá necessariamente de incluir Folarin Balogun, um avançado de 21 anos que, esta época, já marcou mais golos na Ligue 1 do que Kylian Mbappé, Lionel Messi ou Neymar.

Balogun está a aproveitar da melhor maneira o empréstimo ao Stade de Reims para criar um bom problema na próxima época ao Arsenal, clube que representa desde os oito anos. O jovem avançado lidera a lista dos marcadores na Liga francesa, com 14 golos, mais um que Mbappé e Lacazette, os dois que se seguem, e tem sido instrumental na grande carreira do Reims, que já não perde há 14 jogos – e esta série inclui dois empates com o PSG, o último dos quais um 1-1, alcançado no último minuto, com um golo de Balogun.

Os números não dizem tudo sobre os méritos de Balogun, mas são um bom ponto de partida para a sua história. Os seus 14 golos representam mais de metade da produção ofensiva do Reims (54% dos 26 golos da equipa), e não há ninguém em nenhuma equipa das “big five” que tenha semelhante fatia em termos de golos. Entre os melhores marcadores dessas cinco Ligas (Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália e França), só há três que marcaram mais do que ele: Haaland (Manchester City, 25), Kane (Tottenham, 17) e Osimhen (Nápoles, 16). E os melhores goleadores da Liga portuguesa (os benfiquistas Ramos e João Mário e o gilista Navarro, todos com 12) também ficam atrás de Balogun.

Com um rendimento destes, a maioria dos clubes sentir-se-ia tentada a antecipar o final do empréstimo para aproveitar os seus golos. Mas o Arsenal, que não tem tido problemas em marcá-los, prefere ver a sua jovem promessa a crescer no futebol francês e num clube de meio da tabela antes de o submeter à pressão da Premier League. Por enquanto, Mikel Arteta tem o que precisa para o seu ataque móvel – Odegaard, Martinelli, Jesus, Saka e Nketiah têm garantido a grande maioria dos golos dos “gunners”.

Três nacionalidades

Folarin Balogun é um londrino que nasceu em Nova Iorque, filho de pais nigerianos. Com esta mistura, o jovem avançado ainda pode optar por uma de três selecções (Nigéria, EUA ou Inglaterra) e não é claro qual será a sua escolha – já representou britânicos e norte-americanos em diferentes escalões. De certeza que as três nações gostariam de contar com os serviços de alguém que já foi descrito como o novo Ian Wright, um avançado que fez história no Arsenal. Mas também há quem veja em “Flo” um pouco de Thierry Henry – e bem sabemos o que o francês representa para os “gunners”.

Aos dois anos, Balogun acompanhou a família até Londres e ali se estabeleceram. Aos oito, já estava na formação do Arsenal (também chegou a fazer testes no Tottenham) e a expectativa sobre ele foi crescendo de ano para ano. Em 2019, assinou o primeiro contrato profissional e em 2020, aos 18 anos, cumpria os seus primeiros minutos na primeira equipa dos “gunners”, pela mão de Arteta. Ao segundo jogo entre os grandes, marcou o primeiro golo (ao Molde, na Liga Europa), e, ao quarto, marcou o segundo.

Apesar de prometer, era difícil ao Arsenal dar-lhe minutos numa equipa que tinha jogadores como Aubameyang, Lacazette ou Pépé, e que iria assistir à explosão dos jovens Saka e Martinelli. Foi emprestado ao Middlesbrough, do Championship, onde era quase sempre suplente utilizado e com pouco impacto – apenas três golos marcados. E, por isso, ninguém ligou muito quando foi emprestado ao Reims, não se esperando que tivesse este impacto num campeonato estrangeiro e longe de casa.

“Regra geral, os jogadores ingleses não vão para o estrangeiro – costumam ser emprestados a outra equipa da Premier League ou do Championship. E ele é um jogador muito inglês, que gosta de correr pelos flancos, mas estava a faltar-lhe uma coisa, a finalização. Estou muito contente que ele tenha ido para fora. Em geral, os londrinos têm dificuldades fora de Londres, mas quando soube que ele vinha para França, fiquei logo bem impressionado”, dizia em Setembro Thierry Henry, já depois de Balogun ter causado impacto no Reims.

O Arsenal, que tem sido paciente com o seu talento jovem, espera por ele na próxima época, provavelmente já com o estatuto de campeão, seja para o integrar na equipa ou para o vender por muitas dezenas de milhões – seguramente que a lista de interessados será grande. E “Flo”, que vai mostrando serviço com uma camisola parecida com a do Arsenal, mal pode esperar pelo regresso. “O Arsenal é a minha família. Quando voltar, estarei em melhores condições de competir do que estava quando saí.”

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