Serviços públicos foram alvo de 14 mil queixas desde que o PS ganhou as eleições

Descontentamento dos portugueses prende-se essencialmente com o mau atendimento no sector público.

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IMT acumula 36% das queixas registadas entre 30 de Janeiro de 2022 e 30 de Janeiro de 2023 Rui Gaudencio

Um ano passado desde as eleições legislativas que deram a maioria absoluta ao PS, o Portal da Queixa recebeu quase 14 mil reclamações sobre serviços públicos, a maior parte das quais relacionadas com o mau atendimento das entidades.

Segundo uma análise feita pelo portal, entre 30 de Janeiro de 2022 e segunda-feira passada, os portugueses submeteram 13.517 queixas sob a categoria de "Serviços e Administração Pública" — mil das quais no primeiro mês deste ano —, o que, face ao período homólogo de 2019, ano em que o segundo Governo de António Costa foi eleito, representa um aumento de 40%.

O Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) acumulou o maior número de reclamações ao longo do último ano (4845). Na base das queixas estão problemas com a "troca da carta da condução" e o "mau atendimento" do serviço.

Segue-se a Segurança Social (997), também por causa do "mau atendimento" e da "falta de resposta", estando 31% das queixas a esta entidade relacionadas com o Abono de Família.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (915) figura em terceiro lugar devido a "problemas com a renovação do título de residência", "dificuldades no apoio prestado" e o "mau atendimento das delegações".

Já no Serviço Nacional de Saúde (SNS), que recebeu 840 queixas, além do mau atendimento e da "falta de apoio ao utente", factores que motivaram 56% das queixas, os portugueses identificam ainda os "constrangimentos nos serviços de urgência" como um dos problemas principais.

Na Autoridade Tributária e Aduaneira (789), o apoio extraordinário de 125 euros dado pelo Governo às pessoas com baixos e médios rendimentos em Outubro motivou "problemas com o IBAN" que "geraram 63% das queixas dirigidas às Finanças". O atraso no pagamento do reembolso do AutoVoucher e do IVAucher também esteve na génese de boa parte das reclamações.

Logo a seguir a estes organismos, encontra-se a Câmara Municipal de Lisboa (457), tanto devido às multas de estacionamento como aos constrangimentos na recolha do lixo.

No caso do Instituto dos Registos e do Notariado (391) destacam-se os "problemas no levantamento do cartão de cidadão" e o "mau atendimento". E no IEFP (348) "a demora na aprovação dos estágios profissionais".

Entre os ministérios, o da Educação (391) é aquele que motiva maior descontentamento por parte das pessoas. A maioria (90%) prende-se com o Portal das Matrículas e a plataforma MEGA, destinada à gestão dos manuais escolares gratuitos.

Apesar destes problemas, alguns destes organismos têm elevadas taxas de solução, resposta e satisfação. A Autoridade Tributária (AT) tem uma taxa de resolução de problemas de 97,5%, o IEFP de 95,2% e o IMT de 77,6%, destacando-se ainda pelas taxas de resposta que rondam os 100%. Mais, num intervalo até 100, a AT tem um índice de satisfação de 91 pontos, o IEFP de 88,3 e o IMT de 82,2.

Já a Segurança Social, o IRN e o SEF apresentam "baixos indicadores de resolução". O mesmo no SNS, que não passa dos 8,3% de solução, 8,6% de resposta e 10,4 pontos de satisfação.

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