Cartas ao director

Quem não tem dinheiro…

… não tem vícios, sendo também verdade que quem tem vícios facilmente fica sem dinheiro. Aqui, na paróquia nacional, temos um vício. Quando se trata de obra para “inglês ver”, no quadro de algum evento com projecção internacional, não se olha a custos nem à forma de gastar, o importante é deslumbrar os visitantes.

Foi assim com o CCB em 92, foi assim com a Expo '98, com o Euro 2004 e é agora com as JMJ, alguns exemplos de que me recordo no imediato. Um evento importante é justificação para gastar sem contar e sem ser importante muito controlar. O fundamental é embasbacar. Não vamos arriscar fazer má figura para poupar uns tostões (ou milhões). Acho curioso o argumento da valorização do “retorno”. Se ele existe, maior será com custos reduzidos, bem fiscalizados e tudo preparado a tempo e horas. Não é por se torrar dinheiro que as receitas aumentam.

Enfim, um vício que não enriquece.

Carlos J. F. Sampaio, Esposende

O Estado que privilegia os católicos

Faça-se a seguinte pergunta: o financiamento concedido, em concreto, ao polémico altar da JMJ seria concedido a outro tipo de religião? Porquê só a religião católica? Este privilégio não estará a menosprezar quem seja de outra religião? Com que legitimidade? Quais os critérios nos quais se baseia um dirigente ou um governante para decidir que uma religião é elegível para um financiamento e outra não? Esta parcialidade não me parece razoável e, talvez, nem constitucional.

Luís Filipe Rodrigues, Santo Tirso

Questão simples
Todos os outros funcionários do Estado não têm os mesmos direitos dos professores? Então o descongelamento das carreiras deve ser para todos, certo?
É que a maioria dos funcionários públicos não paralisa o país escolar, não prejudica as pessoas durante um mês, mas tem os mesmos direitos. Porque é que a comunicação social não fala nisto? Temos de ser professores ou da TAP?
Miguel Gonçalves, Almada

A greve dos professores

Ainda não consegui perceber por que razão os professores reclamam o direito de atingir o topo da carreiro na classe a que pertencem. Que se saiba, na função pública apenas muito poucos com a mesma qualificação à partida conseguem atingir postos de chefia intermédia ou o topo. Terão de ser usados critérios de escolha criteriosa para os professores e essa progressão terá de ser feita em casos de promoção efectiva a funções mais exigentes na carreira. Em contrapartida, a lei da oferta e da procura recomenda aumento dos salários para garantir o aparecimento de novos professores que venham suprir as necessidades de recrutamento bem como estabelecer critérios de mobilidade mais atractivos.

Nas empresas privadas remuneram-se as pessoas em função da competência e disponibilidade. Por que razão a função pública não obedece aos mesmos critérios?

Paguem aos professores um salário justo de acordo com as necessidades de recrutamento, valorizem a sua actividade docente e concedam-lhes autoridade e responsabilidade e, dessa forma, terminam as greves, que apenas se justificam por força das políticas igualitárias onde sempre se tenta nivelar por baixo desmotivando os cumpridores e mais competentes deixando, por essa via, que todos se deixem arrastar por soluções utópicas que pretendem recusar as diferenças na classe para melhor poderem controlar e manipular.

António Almeida, Porto

Universidade Fernando Pessoa e a A3ES

A crítica de João Miguel Tavares no PÚBLICO de quinta-feira e, no dia anterior, a notícia sobre oposição da Ordem dos Médicos à aprovação pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) do curso de Medicina da Universidade Fernando Pessoa (UFP) são altamente oportunas. Devo acrescentar que, tendo experiência anterior como avaliador externo da A3ES, acredito que a proposta da UFP nunca seria aprovada, puramente pela ausência de qualidade e inovação, enquanto o professor Alberto Amaral fosse presidente do conselho de administração (CA). O professor Amaral foi o primeiro presidente do CA da A3ES e aposentou-se há cerca de um ano. Perdeu-se um presidente incorruptível, com visão, com larga experiência e com grande prestígio internacional na área do ensino superior. Sem ele, a minha confiança na A3ES ficou abalada.

José Ponte, Londres

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