Entre o absoluto e o absurdo

Falta-nos uma concepção mais generosa, uma contrapartida à centralidade do homem.

A situação política actual é muito preocupante para qualquer democrata.

Actualmente, temos uma maioria absoluta no Parlamento e temos as absurdas justificações das acções políticas do governo que daí emanam.

Para qualquer pessoa da minha geração, isto é incompreensível.

Teimosamente, continuamos a acreditar que há políticos honestos e competentes, verdadeiramente interessados na defesa do interesse público.

Mas esta recente invasão de euros com muitos zeros à frente talvez tenha gerado ganâncias de políticos insuspeitos. Não sei!

Sei que as mulheres mais honestas tais como a Helena Roseta, a Ana Gomes, a Cecília Meireles, a Rita Rato, etc… são afastadas dos lugares cimeiros da política.

Mas todas nós sabemos que estamos a viver e a ser testemunhas de um velho mundo, do qual somos, aliás, a sua metáfora viva (como diria o senegalês do último prémio Goncourt).

Recordo-me, no início dos anos 90, quando apareceu a internet, da minha alegria no Instituto Superior Técnico por ter acesso às bibliotecas científicas de Palo Alto na Califórnia.

Mas essa mão cheia de dados científicos e de informação de livre acesso fez-me perceber a dimensão de tal revolução. O facto de nem todos estarem em condições de perceber e de criticar essa catadupa de dados.

Claro que era evidente que essa revolução seria também extensível ao campo político. A democracia representativa tal como a conhecemos poderia acabar e vir a ser substituída por outras concepções tecnológicas.

E isso é preocupante? Claro que sim, pelo menos para todas nós desta geração. E agora?

Falta-nos uma concepção mais generosa, uma contrapartida à centralidade do homem.

Investigadora principal IST (aposentada)

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