Cartas ao director

Atenção à Educação

Ao contrário dos países nórdicos da Europa, que estão a romper com as suas posições tradicionalmente neutrais, quer a França, quer a Alemanha, continuam reticentes em abandonar o conceito de autonomia perante o alinhamento pleno com os EUA, cedendo-lhe incondicionalmente o papel de principal agente de segurança internacional, o tal papel de “polícia do mundo” que os americanos, em proveito próprio, tanto gostam de desempenhar.

O apelo ao belicismo contrasta com aquele que caracterizou largos anos da “guerra fria”, em que o discurso oficial generalizado era o do desarmamento. Bons tempos…

“Respondendo” a Teresa de Sousa, no PÚBLICO de domingo, diria que não sei o que teria acontecido na Ucrânia se a liderança americana não tivesse existido. Mas também não sei o que acontecerá ao mundo se, um dia, por artes “diabólicas”, um “trumpista” qualquer vier a ser o Presidente do país que manda na NATO. E ninguém dirá que estamos livres disso.

José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia

Armas para a Ucrânia

A eventual entrega a Kiev de carros de combate (Challenger 2, Leopard 2 ou M-1 Abrams) acabará por acontecer pois os carros de combate, sendo meios ofensivos por natureza, podem assumir cabalmente tarefas de defesa e/ou de acompanhamento de colunas de infantaria blindadas ou mecanizadas em todo o terreno.

Diz-se que a entrega pela Alemanha do Leopard 2 é uma escalada perigosa no conflito mas, na verdade, a Ucrânia recebeu já meios altamente sofisticados e poderosos que alteraram significativamente o desenrolar da guerra, casos do obus PzH2000, dos veículos lança foguetes M141 Himars e M270, todos eles fazendo parte dos arsenais de quase todos os membros da NATO e de outros Estados.

Pode ainda o Ocidente fornecer, como forma de deter os invasores da Ucrânia, caças de quarta geração que existem em grandes quantidades, muitos deles em reserva, casos dos Tornado alemães, britânicos e italianos. Esperemos que a demissão da ministra da Defesa alemã não atrapalhe o processo.

Quem começou a guerra não foi Kiev e não se pode assistir à constante destruição de cidades e vilas com a morte de centenas de civis. Toda a guerra tem um preço e a Rússia sabe bem isso pois conheceu dolorosamente a barbárie nazi.

Manuel Alves, Lisboa

Transportes e correio

Portugal está a tornar-se um país demasiado desmazelado para se viver civilizadamente e nada disto tem a ver com a inflação. Os transportes públicos não funcionam, os correios também não. Há uns vinte anos, eu podia contar com autocarros a horas para o trabalho e entregas diárias de correio postal. Os livros e as cartas e as revistas chegavam, viessem da terra ao lado ou do outro ponto do mundo.

Agora, os autocarros acumulam-se vazios na estação terminal e os poucos que circulam estão de tal forma atrasados que nem se dão ao trabalho de parar nas estações onde os esperamos meias horas a fio.

Quanto aos correios, têm para mim a particularidade de exigir desalfandegamento de encomendas (logo por azar, os meus filhos resolveram ir viver em países não comunitários) que, depois não entregam. Ainda estou à espera de prendas de Natal enviadas do Reino Unido e da Suíça.

Se somar a este desprezo pelos direitos básicos de qualquer cidadão, revelado pelos fornecedores de serviços públicos, o desplante do primeiro-ministro, que só ontem se apercebeu que era insustentável ter professores com contractos precários anos infinitos, entenderá este meu desabafo.

Não sei a que se deve tal desorganização mental, mas a verdade é que o dia-a-dia de qualquer pessoa que conte com transportes a horas ou dependa dos serviços dos CTT está seriamente ameaçado.

Maria José Seixas, Oeiras

Mão-de-obra qualificada

Grande confusão vai na minha cabeça ao ler o PÚBLICO. Diz o senhor Luís Montenegro que está muito empenhado em atrair talento para responder a necessidades de mão-de-obra imigrante qualificada. Confesso que não sei a que se refere. Se qualificação de mão-de-obra imigrante quer dizer apanhar bem ou muito bem mirtilos, azeitona, amêndoa, framboesa, etc. Se é isso, tudo bem.

Mas se estiver a falar de mão-de-obra qualificada como técnicos, engenheiros, médicos, enfermeiros, investigadores e tantos outros, o que eu ouço falar é que cada vez eles procuram mais emigrar. Então não seria melhor apresentar propostas para que toda esta geração, que dizem, é a melhor de sempre, não emigre?

Ou sou eu que não estou a perceber nada?

José Rebelo, Caparica

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