Ocean Race arranca hoje em Alicante com equipa 100% portuguesa

Realiza-se hoje na cidade espanhola a regata costeira antes do início da primeira etapa da 14.ª edição da mais difícil prova de circum-navegação à vela por equipa.

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O VO65 da Mirpuri Racing Team em Alicante Marc Bow

Cinco anos, dois meses e 17 dias depois da 13.ª edição da Ocean Race, antiga Volvo Ocean Race, arrancar em Alicante com o aliciante de ter uma ligação a Portugal mais forte do que nunca - boatyard (estaleiro) e primeiro stopover em Lisboa; passagem ao largo de Porto Santo; barco com bandeira portuguesa; três velejadores nacionais em duas das sete tripulações -, a mais difícil prova de circum-navegação à vela por equipa arrancará neste domingo (14h45, Eurosport 1) de novo no sul de Espanha. Porém, desta vez, a ligação nacional à regata apenas se manterá pela aposta da Mirpuri Racing Team: liderado por António Fontes, Portugal terá um VO65 com tripulação exclusivamente lusa a competir na The Ocean Race VO65 Sprint.

Após três edições consecutivas em que Lisboa foi uma das paragens da competição, a rota deste ano, que viu o seu início adiado em mais de um ano devido à pandemia, não passará pelo território nacional, por opção do Governo português, da Câmara Municipal de Lisboa e do Porto de Lisboa. Assim, a ligação lusófona à prova será assegurada pela Mirpuri Racing Team e pelos stopovers em Cabo Verde e no Brasil.

Ainda condicionada com os problemas de covid-19 na Ásia, esta edição viu também eliminada a paragem prevista em Shenzhen, na China, o que resultará numa travessia recorde de 12.750 milhas náuticas (quase 24 mil quilómetros) entre a Cidade do Cabo (África do Sul) e Itajaí (Brasil), através dos turbulentos mares do Pacífico Sul e com passagem no Cabo Horn, o ponto mais meridional da América do Sul, conhecido como o “fim do mundo”. Este será, no entanto, um percurso que apenas os IMOCA 60, a nova classe e principal novidade desta edição, terão que enfrentar.

Para os VO65, a classe que competiu nas últimas edições, a competição será mais reduzida. Sete veleiros – entre eles a equipa Mirpuri Racing Team – vão participar na The Ocean Race VO65 Sprint, prova que inclui a primeira (Alicante-Mindelo) e as duas últimas regatas: Aarhus-Haia e Haia-Genóva.

Tendo à partida seis VO65 como rivais, o barco da Fundação Mirpuri tem como objectivo repetir o triunfo alcançado na The Ocean Race Europe, disputada no verão de 2021, e António Fontes, que terá a responsabilidade de liderar a equipa 100% portuguesa, adianta que as “expectativas são boas”.

Contando a bordo com alguns dos melhores velejadores nacionais - Bernardo Freitas, Frederico Melo e Mariana Lobato que fizeram parte da equipa vencedora da The Ocean Race Europe; Hugo Rocha, Diogo Cayolla, Matilde Pinheiro de Melo, Francisco Cai-Água e Francisco Maia -, António Fontes explica, em declarações ao PÚBLICO, que o “transporte do barco até Alicante, já com a tripulação completa”, permitiu “fazer as manobras” desejadas com “um bocadinho de tudo” de condições meteorológicas, o que “é sempre bom para treinar”.

Sobre os objectivos da equipa, o skipper português refere que na regata costeira - apenas tem relevância para a classificação em caso de empate final -, será Paulo Mirpuri que estará ao leme do VO65, mas antevê uma luta apertada na regata inaugural, entre Espanha e Cabo Verde, que terá inicio no dia 15: “Há velejadores muito bons em todos os barcos. Temos todos os ingredientes para que seja uma regata espectacular.”

“Haverá muita estratégia e navegação pura. Vamos passar o cabo Bojador, que é conhecido por ser difícil, depois será velocidade pura em linha recta. Na chegada a Cabo Verde é expectável que esteja bastante vento”, descreve Fontes.

O velejador português, que fez parte da SHK Scallywag na última edição, comentou ainda a entrada da classe IMOCA na Ocean Race, salientando que estes velozes veleiros com foils vão trazer “o mundo francês a esta regata, que até agora estava um pouco separado da Ocean Race”, sendo “indiscutível que é em França que se faz a melhor vela offshore”.

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