Cinco maneiras de ajudares o teu animal a lidar com o fogo-de-artifício

Estares tranquilo, utilizares alimentos e brinquedos para ele se distrair, medicá-lo ou mantê-lo dentro de casa são algumas das dicas.

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Cinco maneiras de ajudares o teu animal a lidar com o fogo de artifício Samson Katt/Pexels

O fogo-de-artifício pode ser espectacular para muitas das nossas celebrações anuais, mas, infelizmente, pode causar sérios problemas aos nossos animais de estimação.

Muitos mostram uma resposta instintiva de medo a ruídos sonoros súbitos e inesperados. Os estouros, estalidos e assobios dos fogos-de-artifício podem ser particularmente assustadores, especialmente quando as exibições duram mais de alguns minutos.

Alguns animais de estimação vão adaptar-se e habituar-se-ão a eles, mas outros podem desenvolver respostas de angústia mais profundas. Um dos meus cães reage mal, e isto tem vindo a piorar progressivamente à medida que envelhece.

Agora que temos várias celebrações festivas, que possivelmente podem ter fogo-de-artifício, é uma boa altura para pensarmos na melhor forma de ajudarmos os nossos animais a permanecerem tão calmos e felizes quanto possível.

Aqui estão algumas formas de ajudares os teus a lidar com a noite mais barulhenta do ano.

Fica tranquilo para os ajudares a sentirem-se seguros

Muitas vezes, o conselho é ignorares o teu animal assustado porque podes estar a "recompensar" o medo. Contudo, isto é uma emoção e não pode ser intensificado da mesma forma que o comportamento.

O medo é um mecanismo de protecção essencial para ajudar os animais a evitar ou a lidar com situações assustadoras ou perigosas. Os animais vão frequentemente mostrar respostas de luta, fuga ou bloqueio quando têm medo. Podemos ajudá-los a lidar com isto se lhes dermos segurança e protecção.

Se o teu animal procurar conforto em ti, sê carinhoso, compreensivo e conforta-o através da comunicação vocal e do toque físico, no entanto, não te esqueças que deves continuar relaxado e animado. Se estiveres preocupado e ansioso, podes transferir isso para ele, uma vez que os animais muitas vezes conseguem captar as nossas emoções.

Estarem aninhados com a televisão ou rádio ligado para abafar o ruído do exterior funciona muitas vezes para muitos cães e gatos. Contudo, alguns felinos podem preferir um espaço sossegado, semelhante a uma cova. Para os animais [que vivem] ao ar livre, como é o caso dos coelhos, pensa em trazê-los para dentro de casa ou encontrar outras formas de lhes limitar a exposição ao fogo-de-artifício.

Utiliza alimentos, brinquedos e jogos

Dar comida, guloseimas ou brinquedos pode ser uma excelente forma de distraíres o teu animal inquieto e, ao fazeres isto, podes até criar associações positivas com o fogo-de-artifício. Além disto, o treino ou outras actividades divertidas também podem ser úteis.

Os cães podem beneficiar do uso de brinquedos perfumados e jogos de farejar. Há investigações que sugerem que utilizarem os narizes pode até torná-los mais optimistas. E muitos gatos adoram brinquedos cheios de erva gateira, que pode ter um efeito calmante significativo.

Puzzles ou brinquedos de alimentação interactivos podem ser úteis para prolongares as vezes em que dás guloseimas ao teu animal, e dás-lhe outra coisa em que pensar – estes produtos estão disponíveis para gatos, cães, coelhos e outros animais de estimação.

Mantém os teus animais dentro de casa ao escurecer

Todos os anos, os animais de estimação desaparecem quando ficam assustados pelo fogo-de-artifício. Nestas noites, os números de cães desaparecidos duplicam.

Adoptar medidas simples, incluindo inspeccionar se o jardim e vedação estão seguros, pode contribuir muito para reduzir o risco de um animal assustado fugir. Da mesma forma, certifica-te que os dados do microchip do teu animal estão actualizados para o caso de, se o pior acontecer, as hipóteses de to irem entregar a casa serem muito maiores.

As coleiras com placas de identificação são uma forma simples, mas eficaz, e, no Reino Unido, por exemplo, são também uma obrigação legal para cães em locais públicos. É importante assegurares que os teus cães são exercitados durante o dia, antes de o fogo começar. Se precisares de sair quando escurecer, mantê-los com trela vai diminuir o risco de fugirem se, de repente, ficarem assustados. Mas, se for possível, o melhor é evitares sair durante o fogo-de-artifício.

Os gatos devem ser sempre mantidos dentro de casa nestas situações, por isso chama-os antes do anoitecer – e fecha-lhes a porta gateira, se tiveres uma, para que não possam ir para lá para fora.

Medicação e um especialista

Se o teu animal mostrar respostas de medo severas, é essencial procurares a opinião de um veterinário e de um comportamentalista qualificado. O veterinário é a melhor pessoa para te aconselhar e pode até receitar um tranquilizante para ajudar o teu animal.

Muitas vezes, os medicamentos são melhor utilizados em conjunto com um plano de modificação de comportamento, por isso, trabalhares com um treinador experiente que utiliza reforço positivo ou com um comportamentalista animal é uma boa estratégia a longo prazo.

Na mesma linha, animais com dores também podem mostrar uma maior reactividade ao ruído, pelo que é importante procurares o conselho de um veterinário para ajudares aqueles que sofrem de outras patologias, especialmente os animais mais velhos.

Treina o teu animal para se habituar a ruídos altos

Expor animais jovens a várias imagens e sons é uma forma simples de minimizar potenciais problemas de ruído-reactividade. A utilização de CD ou podcasts com ruídos assustadores combinados com comida, guloseimas ou outras coisas divertidas pode ser uma abordagem útil e eficaz a longo prazo para gerir o medo do fogo através de contra-condicionamento e dessensibilização graduais.

Isto também pode funcionar para os animais mais velhos como parte de um plano de formação e apoio, gerido com a ajuda de um comportamentalista devidamente qualificado.

O fogo-de-artifício pode ser assustador para os nossos animais, mas com alguns passos práticos podes ajudar a torná-lo um pouco menos stressante, tanto agora como nos anos seguintes.


Exclusivo P3/The Conversation
Jacqueline Boyd é professora catedrática de Ciência Animal na Universidade de Nottingham Trent, em Inglaterra

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