Governo cria 28 novas unidades nos centros de saúde com remuneração associada a desempenho

Ministro da Saúde diz que no sábado e domingo de Natal as urgências hospitalares receberam 16 a 17 mil pessoas por dia, o dobro das que recorreram aos centros de saúde abertos nesse fim-de-semana.

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Ministro da Saúde diz que Lisboa e Vale do Tejo vai ter mais 17 USF modelo B, em que as equipas ganham mais dinheiro Rui Gaudencio

Em Janeiro vão ser criadas nos centros de saúde 28 novas unidades de saúde familiar (USF) de modelo B, em que a remuneração está associada ao desempenho, anunciou o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, em entrevista à SIC nesta terça-feira à noite. A maior parte destas unidades (17) abrem na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), onde actualmente há quase um milhão de pessoas sem médico de família atribuído, e a sua criação permitirá que "30 mil" cidadãos nesta situação passem a ter um clínico assistente nos centros de saúde, especificou.

As USF de modelo B são constituídas voluntariamente por equipas de médicos, enfermeiros e secretários clínicos que recebem uma remuneração substancialmente mais elevada do que a dos profissionais que trabalham nas outras unidades dos centros de saúde. Ao longo dos anos, têm sido impostas quotas anuais para a sua criação e este é um dos factores que têm contribuído para que uma parte dos jovens especialistas prefiram não ocupar as vagas abertas nas regiões mais carenciadas e não fiquem no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Considerando que o SNS continua a ser atractivo para os profissionais, apesar do pico das reformas de médicos este ano e das saídas de muitos profissionais, o ministro lembrou que actualmente há "mais cerca de 4500 médicos especialistas do que em 2015" e sublinhou que um pouco mais de dois terços dos novos especialistas optam por ficar no sector público.

Em 2023, o Governo vai apostar nas carreiras profissionais no próximo ano, garantiu, sem se pronunciar sobre eventuais aumentos salariais para os médicos no próximo ano, mas destacou o aumento dos vencimentos de uma parte dos enfermeiros que trabalham no SNS - que foi concretizado já no final deste ano.

Relativamente aos serviços de urgência, Pizarro reconheceu que há "um problema crónico" em Portugal, mas realçou que no esquema de resposta pensado para o período de Natal cerca de 16 mil pessoas foram atendidas em consultas nos centros de saúde que estiveram abertos no sábado e domingo. Um número que, mesmo assim, corresponde a metade da procura das urgências hospitalares, que receberam entre 16 a 17 mil pessoas por dia no fim-de-semana, assumiu. No próximo fim-de-semana, os centros de saúde vão voltar a abrir - 221 no sábado e 180 no domingo.

No final, o governante desvalorizou o actual panorama da epidemia de covid-19 na China, enfatizando que não há sinais que indiquem que poderá ocorrer "um novo 2020". "Mesmo com a existência de novas variantes, todos os estudos mostram grande eficácia das vacinas que temos aplicado. A acrescentar a isto, a informação que temos é que, do conjunto das infecções respiratórias, até podemos ter tido uma antecipação do pico de covid-19" em Portugal em Novembro. Mas advertiu que "às vezes há um segundo pico".

Quanto à vacinação contra a covid-19, revelou que ficamos a "poucos milhares" de atingir a meta dos três milhões de vacinados com a segunda dose de reforço até ao final de Dezembro, como estava previsto.

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