Exposição de Paula Rego em Istambul evoca histórias contra a violência e a opressão

A História das Histórias é o título da exposição, comissariada pelo curador Alistair Hicks, que estará patente no Museu de Pera até 30 de Abril.

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Salazar a vomitar a Pátria (1960) é uma das obras patentes no museu turco DR

Uma exposição com obras da pintora Paula Rego (1935-2022) que percorrem a sua produção desde 1960, em peças que confrontam a opressão, como Salazar a vomitar a Pátria (1960), estarão reunidas até Abril no Museu de Pera, em Istambul, na Turquia.

A história das histórias dá título a esta exposição, comissariada pelo curador Alistair Hicks, que estará patente naquele museu situado no bairro histórico de Pera, actualmente integrado no distrito de Beyoglu, em Istambul.

Paula Rego, que morreu no passado mês de Junho aos 87 anos, é descrita como uma artista que "revolucionou as formas como as mulheres são representadas e que não cede nas suas verdades", segundo o texto colocado na página do museu na Internet sobre a exposição, inaugurada a 23 de Dezembro, e que ficará patente até 30 de Abril.

Entre outras obras, estão expostas Carmen Miranda (1985), Macaco vermelho bate na mulher (1981). No conjunto, os quadros seleccionados percorrem o trabalho da artista portuguesa que se afirmou na cena londrina nas décadas de 1980 e 1990.

A História das Histórias pretende "mostrar como Paula Rego confronta autenticamente a opressão, a autoridade e a violência institucional sem ter medo de revelar a sua própria natureza pessoal e o contexto sociopolítico", acrescenta o museu.

Na sua obra, Paula Rego, que se radicou em Londres nos anos 1970, abordou temas políticos, como o abuso de poder, e sociais, como o aborto, entre outros do universo feminino. A exposição no Museu de Pera "visa demonstrar como ela lutou contra a depressão, o fascismo, o colonialismo e o movimento antiaborto, ao mesmo tempo em que liberou as suas histórias da repressão masculina", acrescenta.

Nascida em Lisboa, a 26 de Janeiro de 1935, numa família de tradição republicana e liberal, Paula Rego começou a desenhar ainda criança, um talento que lhe foi reconhecido pelos professores da St. Julian's School, em Carcavelos. Partiu para a capital britânica com 17 anos, para estudar na Slade School of Fine Art.

Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, para fazer pesquisa sobre contos infantis, em 1975, e, em Londres, conheceu o futuro marido, o artista inglês Victor Willing (1928-1988), cuja obra Paula Rego exibiu por várias vezes na (sua) Casa das Histórias, em Cascais.

Em 2010, foi ordenada Dama Oficial da Ordem do Império Britânico pela rainha Isabel II e recebeu, em Lisboa, o Prémio Personalidade Portuguesa do Ano atribuído pela Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal. Paula Rego recebeu, em 1995, as insígnias de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada; em 2004, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada; e, em 2011, o doutoramento honoris causa pela Universidade de Lisboa, título que lhe foi também atribuído em várias universidades do Reino Unido, como as de Oxford e Roehampton. Em 2019, em Portugal, foi distinguida com a Medalha de Mérito Cultural pelo Ministério da Cultura.

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