Em prova: vínicas ou bagaceiras, o mundo único das aguardentes dos Vinhos Verdes

No campo das aguardentes a região dos Vinhos Verdes goza de uma longa e rica tradição. Marcas históricas, com longos anos de envelhecimento e ideais para as conversas à lareira dos serões natalícios.

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As aguardentes vitícolas dos Vinhos Verdes sempre se destacaram no panorama nacional. Desde logo pela qualidade que deriva das características específicas da região, com aromas intensos e bons índices de acidez, mas também pela diversidade, com aguardentes bagaceiras e vínicas como expressão da variedade de castas, da sua expressão frutada ou características das madeiras usadas no seu envelhecimento. As que resultam de vinhos ou bagaços/engaços da casta alvarinho são até designadas por aguardentes alvarinhas.

Só por si, a região dos Vinhos Verdes responde pelo grosso da aguardente vínica certificada em todo o país, mais do que em todas as outras 13 regiões protegidas, nove Denominações de Origem (DO) e cinco Indicações Geográficas (IG). Um dado tanto mais significativo quando temos até entre nós uma das três únicas DO exclusivas a nível mundial para a certificação de aguardentes. É a DO da Lourinhã, à qual se juntam as mundialmente famosas Cognac e Armagnac.

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NELSON GARRIDO

Vínicas ou bagaceiras?

O que distingue as bagaceiras é o facto de serem obtidas exclusivamente a partir do bagaço resultante da fermentação dos vinhos, ou seja as películas, grainhas e engaços a que se podem juntar também algumas borras. Já as aguardentes vínicas resultam da destilação de vinhos e são envelhecidas em cascos, o que lhe confere não só a cor mas refina também os aromas e sabores, ficando também mais complexas e suaves. Em ambos os casos devem ter um grau alcoólico acima dos 35% e em caso algum pode ser adicionado ou diluído álcool.

As mais populares nos Vinhos Verdes são as bagaceiras, ou bagaços – precisamente porque são feitas a partir dos bagaços das uvas –, sem estágio em casco, e por isso sem cor. Destacam-se pelos aromas intensos e expressivos a bagaço, que remetem para sensações de fruta cristalizada. Mas nada impede que os bagaços também possam ter cor, sendo estagiados em cascos, daí resultando a aguardente bagaceira Velha, com pelo menos um ano de envelhecimento, ou Velhíssima com um mínimo de dois anos de estágio.

Nas aguardentes vínicas de Vinho Verde, são várias as categorias em função do tempo de envelhecimento, de onde resultam diferentes estilos de cor e características aromáticas e gustativas, muito dependentes também dos das madeiras utilizadas em cada casco. Uma aguardente Velha tem pelo menos dois anos de envelhecimento, a Velhíssima três anos, a VSOP (very superior old pale) quatro anos e a categoria superior, a XO (extra old), pelo menos seis anos de envelhecimento em casco.


Este artigo foi publicado no n.º 7 da revista Singular.

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