Em prova: E que tal um Verde do vale do Douro?

Mais protegidos da influência atlântica, a uma altitude intermédia e condições de clima mais extremas, os vinhos das sub-regiões de Paiva e Baião bem mostram que há mesmo Verdes para todos o gostos e todas as ocasiões. Com destaque para a complexidade dos brancos à base de avesso e o equilíbrio dos tintos, provámos às cegas os Verdes a Sul do Douro.

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Dificilmente se imagina alguém a pedir um Vinho Verde do Douro, uma associação impensável que remete para duas das mais poderosas referências vitícolas em Portugal e, ao mesmo tempo, antagónicas. Mas essa é uma diferença que pode nem ser assim tão vincada e a comprovar que há mesmo um Verde para todas as ocasiões.

Basta pensarmos que numa vasta extensão a região dos Vinhos Verdes ultrapassa as margens do Douro para os territórios a sul. E que nas encostas do vale do Douro se cultivam também algumas das castas emblemáticas dos Vinhos Verdes, como é o caso de avesso, azal e trajadura nas brancas, amaral e borraçal nas tintas.

Há muito reconhecida pelo potencial dos seus brancos à base de avesso, a sub-região de Baião tem grande parte das vinhas a sul do Douro, no limite com a Região Demarcada do Douro. Já longe da influência do Atlântico, em altitudes intermédias, beneficiando de um clima de condições mais extremas, com invernos mais frios e com menos chuva, e verões mais quentes e secos a proporcionarem condições para o amadurecimento de castas como avesso, azal ou amaral.

E o mesmo vale para a sub-região do Paiva, integralmente implantada a sul do Douro, cujos tintos mais maduros, secos e estruturados são igualmente uma das referências dos Vinhos Verdes. Ainda mais a sul, no limite da região, as vinhas do concelho de Vale de Cambra, já em campo aberto, voltadas à planície do vale do Vouga e aos ventos do Atlântico e aptas apenas para a produção de regional Minho.

É, portanto, possível provar Vinhos Verdes da margem Sul do Douro, e foi isso que fizemos em prova cega. Brancos em que a qualidade é a nota dominante, igualmente frescos, onde a expressão frutada se equilibra com as características das castas, estrutura e sabor. Tintos mais maduros, secos e estruturados, igualmente a destacar a identidade das castas mas claramente ainda à procura de um padrão médio de qualidade.

Há mesmo Verdes para todos os gostos e para todas as ocasiões.


Este artigo foi publicado no n.º 4 da revista Singular.

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