Mais de um milhão de portugueses tem alguma incapacidade, revelam Censos

Incapacidade afecta sobretudo mulheres e prevalência aumenta com a idade. A dificuldade em andar ou subir degraus é a mais prevalente.

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A incapacidade em andar ou subir escadas afecta 6,1% dos residentes Paulo Pimenta

Mais de um milhão de pessoas (1.085.472, para precisar) em Portugal tem pelo menos uma incapacidade, o que corresponde a 10,9% do total da população residente. Esta é uma das conclusões do estudo O Que nos Dizem os Censos sobre as Dificuldades Sentidas pelas Pessoas com Incapacidade, publicado nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e apresentado em videoconferência. A incapacidade em andar ou subir escadas (portanto, ao nível da mobilidade) é a mais prevalente no país e afecta 6,1% da população.

Entre as incapacidades mais prevalentes, a equipa do estudo, liderada pelas especialistas Cristina Gonçalves e Rita Freitas, identificou ainda a incapacidade em ver, que afecta 3,5% dos residentes, seguida pela incapacidade ao nível da cognição (3,4%). Já 3% dos inquiridos têm dificuldade na realização dos cuidados pessoais de forma autónoma e 2,8% em ouvir.

O estudo do INE analisou as respostas aos Censos 2021 quanto a seis tipos de incapacidades, sendo as quatro primeiras consideradas como “domínios essenciais”: visão, audição, mobilidade, cognição/ memória, autonomia em cuidados pessoas e comunicação.

Incapacidade afecta mais as mulheres

A análise dos dados permitiu perceber que as mulheres são mais afectadas por alguma incapacidade do que os homens: o rácio obtido foi de 164 mulheres com incapacidade por cada 100 homens na mesma condição. Além disso, a prevalência da incapacidade aumenta com o avanço da idade, de forma progressiva, sobretudo a partir dos 70-74 anos de idade.

Segundo o INE, 84,4% das pessoas com incapacidade eram economicamente inactivas, sendo que 65,1% estavam já reformadas. Apenas 15,4% eram “economicamente activas”. A reforma ou a pensão eram também a principal fonte de rendimento para a grande maioria dos inquiridos (71,9%).

Quanto à escolaridade, apenas 5,4% da população com incapacidade tinha completado o ensino superior, 8,5% tinha o ensino secundário completo e 21,5% não tinha qualquer nível de escolaridade.

Probabilidade de estar empregado baixa

A probabilidade de estar activo e a probabilidade de estar empregado são inferiores quando existe pelo menos uma incapacidade. A dificuldade em andar ou subir degraus, além de ser a incapacidade mais prevalente em Portugal, é a que mais diminui a possibilidade de o cidadão estar activo: a probabilidade baixa em 26,9 pontos percentuais.

Segundo o estudo do INE, a incapacidade em ver é a que afecta relativamente menos o emprego destas pessoas, sendo que 20% das mesmas estavam activas e 17,5% estavam empregadas à data dos Censos 2021. Em sentido inverso, a falta de mobilidade é a que mais penaliza: apenas 7,9% das pessoas com incapacidade estavam activas e 7,1% empregadas.

A análise do INE dá ainda conta de que mais de um quarto das pessoas com incapacidade (29,1%) era viúva. A maior parte vivia em agregados sem crianças, quase 20% das pessoas viviam sozinhas, sobretudo idosos, quase 30% dos casos eram constituídos por agregados de dois adultos, em que pelo menos um deles era idoso.

Quanto à divisão territorial, as regiões em que há um número mais elevado de pessoas com alguma incapacidade são também aquelas em que a população é mais envelhecida. Segundo a divisão por NUTS III, as taxas de prevalência mais elevadas estavam no Alto Tâmega (8,4%), Douro (7,9%), Médio Tejo, Beiras e serra da Estrela e Alto Alentejo (7,8%).

No sentido oposto, as regiões com taxas mais baixas de residentes com incapacidade são as regiões mais rejuvenescidas: Ave, Área Metropolitana do Porto e Cávado (entre 5,7% e 5,8%), Região Autónoma dos Açores (5,5%), Área Metropolitana de Lisboa e Algarve (5,2%).

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