2022 ou o regresso da tragédia

O continente onde a paz parecia estar garantida viu explodir uma guerra no coração do seu território. A União Europeia perdeu a inocência.

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1. Haverá alguma boa notícia que seja possível destacar do ano que está prestes a terminar? Se há, é difícil de encontrar, no mar de tragédias que marcaram a cena internacional. Para nós, europeus, 2022 foi o ano em que o impensável aconteceu. Nada faria prever que a boa, velha e rica Europa, para a qual o mundo olhava como um museu cheio de coisas belas e únicas, se transformasse de um dia para o outro no epicentro de uma tempestade de consequências planetárias. O continente onde a paz parecia estar garantida viu explodir uma guerra no coração do seu território. A União Europeia perdeu a inocência. A NATO recuperou a sua missão de defesa colectiva. A paz deixou se estar garantida. A Europa adaptou-se a uma velocidade que é surpreendente, mas que não sabemos ainda se será suficiente. Está a atravessar um momento crucial que ditará o seu futuro. Tem uma escolha existencial pela frente: continua a apoiar a Ucrânia por todos os meios de que dispõe; ou cai na tentação de “alimentar a fera” e está condenada a viver nos próximos tempos sob a constante ameaça da Rússia à paz e à segurança do continente. Dito por outras palavras, porventura mais cruas, consegue entender, finalmente, que não viverá em paz enquanto Putin se mantiver no Kremlin. E Putin apenas cairá em desgraça se se tornar visível para os russos e para o mundo, incluindo para todos os autocratas, que perdeu a guerra que desencadeou sem qualquer razão ou pretexto.

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