Morreu o cardiologista e “médico do coração” Fernando de Pádua

Médico que se destacou pelo pioneirismo e intervenção na área da medicina preventiva morreu aos 95 anos.

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Fernando de Pádua e o célebre "lacinho" que nunca se privou de usar DR

O cardiologista Fernando de Pádua, conhecido como "o médico do coração" e das lutas que encetou contra o tabagismo e o abuso do sal, morreu nesta quinta-feira, aos 95 anos de idade, anunciou a Fundação com o seu nome.

"Perdemos o nosso bem maior, o nosso presidente", lê-se na mensagem com que a Fundação Professor Fernando de Pádua anunciou a morte do médico.

Professor catedrático jubilado e presidente do Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva, Fernando de Pádua fez o curso na Faculdade de Medicina de Lisboa e uma pós-graduação em Cardiologia em Harvard.

Foi fundador da Fundação Portuguesa de Cardiologia e co-fundador da Sociedade Internacional de Electrocardiografia.

Em 1997 recebeu a Medalha de Ouro por Serviços Distintos, entregue pela ministra da Saúde na altura, Maria de Belém Roseira, e, em 2005, foi agraciado com o Grande Colar de "Oficial da Ordem de Santiago da Espada" pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio.

Em 2007, recebeu o Prémio Nacional de Saúde, atribuído pela Direcção-Geral da Saúde (DGS). O júri deste galardão reconheceu "o pioneirismo e a dedicação do trabalho de promoção e prevenção" realizado pelo médico cardiologista.

"Há já 40 anos que o médico Fernando Pádua se dedica à promoção da saúde e prevenção da doença, numa atitude pedagógica e altruísta, tendo sido fundador de instituições, autor de 300 trabalhos publicados nos media e tendo intervindo regularmente na televisão", justificou, na altura, a então bastonária da Ordem dos Farmacêuticos e porta-voz do júri, Maria Irene de Silveira.

A eleição foi decidida pela "distinção de Fernando de Pádua no que diz respeito à sua visão estratégica em termos de prevenção, tendo recorrido intensivamente aos órgãos de comunicação social".

"Singular e notável"

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, já lamentou a morte de Fernando de Pádua, destacando o percurso "singular e notável" do "professor do coração", assim como o seu papel "pioneiro" na prática da prevenção e educação para a saúde. "Foi com profunda consternação que recebi a notícia do falecimento do professor Fernando de Pádua", diz Manuel Pizarro na mensagem de condolências à família e amigos.

Na missiva de pesar, o ministro da Saúde destaca o papel "absolutamente pioneiro" do cardiologista na prática e divulgação da prevenção, e na educação para a saúde, "sempre em prol do bem-estar e da saúde dos portugueses". Realçando que Fernando de Pádua é "um nome maior na consolidação" da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Manuel Pizarro lembra ainda o percurso de vida "longo, singular e notável" pela vontade de viver.

"Conciliou sempre as suas qualidades humanas, próximo, alegre e disponível, com a excelência profissional, ao dedicar uma parte substancia da sua vida à promoção de hábitos de vida saudáveis", refere.

Fernando de Pádua disse estar preparado para viver até aos 120 anos e nunca se privou de manifestar a opinião sobre políticas de saúde, defendendo uma visão preventiva que evite a doença.

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