Clima ameaça três tribos que vão ter de mudar de sítio. EUA pagam a factura de 75 milhões

Alterações climáticas deixam populações costeiras em perigo. “Há comunidades tribais em risco de serem arrastadas pelas águas”, justifica Joe Biden.

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Joe Biden na Cimeira de Nações Tribais, a 30 de Novembro, data em que foi anunciado o apoio financeiro para deslocar comunidades nativas EPA/Ting Shen / BLOOMBERG / POOL

Como há zonas que estão ameaçadas por causa das alterações climáticas, a administração Biden decidiu pagar 75 milhões de dólares (cerca de 71 milhões de euros) a três tribos norte-americanas que vivem em zonas costeiras ou perto de rios para que possam mudar as suas comunidades para zonas mais cimeiras, noticia o jornal The New York Times.

Duas das comunidades pertencem ao Alasca (Newtok e Napakiak) e uma outra faz parte do estado de Washington (a zona em torno da cidade de Taholah) – e cada uma delas receberá 25 milhões de dólares (o equivalente a cerca de 23,7 milhões de euros) para que consigam mudar os seus principais edifícios para zonas mais elevadas.

“Há comunidades tribais em risco de serem arrastadas pelas águas”, afirmou o Presidente Joe Biden na quarta-feira passada. Esta ajuda financeira permitirá ajudar tribos e comunidades nativas a “mudarem, em alguns casos, as suas comunidades inteiras para um terreno mais seguro”. Os estudos e relatórios publicados ao longo dos anos mostram que as comunidades nativas (e as mais desfavorecidas e mais vulneráveis) estão mais expostas aos efeitos devastadores das alterações climáticas.

O objectivo destas deslocações é que as populações e as infra-estruturas não sejam tão afectadas pela erosão e pela subida das águas (uma das consequências do aquecimento global), protegendo-as também de fenómenos climáticos extremos, como tempestades (que também se sabe que aumentarão de frequência e intensidade por causa das alterações climáticas).

Mais oito tribos a planear deslocação

Segundo o jornal norte-americano, o financiamento que está a ser feito pelo Departamento do Interior dos EUA prevê ainda cinco milhões de euros para outras oito tribos, para que comecem a planear a deslocação. Ao todo, refere o Departamento do Interior numa nota publicada no seu site, serão investidos 115 milhões de dólares (109 milhões de euros) em 11 tribos “fortemente afectadas” para que possam planear a sua mudança para outros terrenos e para que possam ter um plano de adaptação às alterações climáticas.

O objectivo é proteger as comunidades que vivem em zonas mais vulneráveis aos impactos das alterações climáticas e em que já seria difícil adaptarem-se às mudanças que aí vêm, escreve o The New York Times.

Segundo a rádio NPR, haverá ainda financiamento e ajuda por parte da FEMA (a protecção civil norte-americana) para demolir e para construir novas infra-estruturas. O primeiro passo é mudar de sítio os edifícios mais importantes das aldeias e, depois, as casas. É um processo caro.

Esta não é a primeira vez que tal acontece nos EUA: em 2016, a administração do então Presidente Barack Obama deu 48 milhões de dólares (cerca de 45 milhões de euros) ao Luisiana para mudar de sítio o pequeno povoado de Isle de Jean Charles, uma das zonas do país em maior risco de ser afectada pela subida das águas do mar. O problema é que muitos moradores não chegavam a acordo sobre o local onde deveria ser construído o novo lugar e só este ano é que se começaram a mudar para as novas casas.

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