Japão abateu mais um campeão do mundo, a Espanha

Japoneses chegam aos oitavos-de-final com uma vitória de reviravolta frente à “roja”, que precisou da ajuda alemã para se manter no Mundial.

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Tanaka marcou o golo do triunfo japonês Reuters/JENNIFER LORENZINI

Mais de mil passes, posse de bola esmagadora durante 90 e tal minutos. Estatuto de favorito. História rica na competição. E que valeu isto à Espanha? Perante o Japão, absolutamente nada. A “roja” estava tão convencida do seu favoritismo que Luis Enrique até se deu ao luxo de mudar meia equipa, mas quem ganhou foi a formação nipónica por 2-1, mais um triunfo com reviravolta sobre um candidato (já tinha feito o mesmo à Alemanha). A perder ao intervalo, os nipónicos agarram o seu lugar nos “oitavos” como os primeiros do Grupo E, subjugando uma Espanha que teve de contar com terceiros para não fazer já as malas.

A Espanha carregava uma aura positiva neste Mundial, uma selecção renovada e cheia de talento, fulgor ofensivo demonstrado nos 7-0 à Costa Rica e um lugar alto na hierarquia dos favoritos. O Japão seria uma das vítimas do chamado grupo da morte e não faria mais do que a surpresa frente aos alemães. E tudo o que a primeira parte mostrou confirmava essa linha de pensamento, uma Espanha renovada e envolvente, mas estranhamente pálida naquilo que verdadeiramente interessava e que faz com que as equipas ganhem jogos, os golos.

No início, os japoneses, que tinham o sportinguista Morita no “onze” titular, fizeram um ensaio de pressão alta que quase deu frutos. Logo aos 8’, uma perda de bola do capitão Busquets, quase deu o golo a Ito, que rematou ao lado perante a mancha feita por Unai Simón.

Era um susto para a “roja”, que rapidamente tomou conta das operações e, pouco depois, já estava na frente. Aos 11’, cruzamento de César Azpilicueta para Álvaro Morata fazer o 0-1, o terceiro golo do avançado do Atlético Madrid neste Mundial. Feito o golo, a selecção espanhola limitou-se a guardar a bola longe do adversário. Não fazia nada com ela, só não queria que o rival pudesse brincar.

O Japão, claro, tinha outras ideias. E mostrou o que podia fazer nos primeiros minutos da segunda parte. Logo aos 48’ pressão alta sobre a Espanha, que obrigou Simón a livrar-se da bola de qualquer maneira. A jogada seguiu para Balde, mas o jovem lateral do Barcelona não conseguiu dar-lhe seguimento. Doan ficou com a bola e, de fora da área, fez o empate – ele já tinha marcado à Alemanha, voltou a fazer o mesmo à Espanha.

E não demorou muito tempo o segundo. O Japão volta a conseguir meter a bola na área espanhola, Nagatomo consegue fazer o cruzamento no limite e Tanaka, na luta com Rodri, faz o 2-1. Mas os nipónicos ainda teriam de esperar até festejarem com propósito. O árbitro tinha anulado o lance, mas o VAR terá visto algumas dezenas de repetições até chegar à conclusão que a bola não terá saído totalmente antes do cruzamento de Nagatomo.

O árbitro foi ver, apontou para o centro do terreno e o Japão estava na frente do grupo, enquanto a Espanha estava a brincar com o fogo – porque, durante alguns minutos, a Costa Rica esteve a ganhar à Alemanha, e, com estas contas, eram os “ticos” que passavam e não a selecção que os tinha vencido por 7-0.

A Alemanha acabaria por ganhar esse jogo. Não se salvou, mas salvou a Espanha, que deve ter perdido todas as boas sensações que tinha neste Mundial – e não poderá entrar da mesma maneira no jogo dos “oitavos” com Marrocos. Quanto ao Japão, que fez mais de metade do jogo com os seus três centrais com cartões amarelos, sobreviveu ao alegado grupo da morte, ganhando a dois campeões do mundo. E quem ganha a dois campeões do mundo, também pode ganhar à Croácia, que é “só” vice-campeã do mundo.

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