Jogadores da Alemanha de boca fechada contra a FIFA antes de jogo com Japão

Depois de a FIFA proibir a Alemanha de usar a braçadeira em apoio aos direitos LGBTQI+, a equipa protestou, colocando a mão na boca.

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Jogadores alemães, antes de jogo com o Japão, protestam decisão da FIFA de impedir uso da braçadeira "One Love". Reuters/ANNEGRET HILSE

Antes do jogo com o Japão para o Mundial 2022, esta quarta-feira, os jogadores da selecção da Alemanha colocaram a mão na boca quando a fotografia oficial da equipa foi tirada. Este protesto surgiu na sequência da decisão da FIFA de ameaçar punir os jogadores que usassem a braçadeira “One Love”, em apoio à comunidade LGBTQI+.

No Twitter oficial da selecção alemã, a mesma justificou esta acção da seguinte maneira: “Negar-nos a braçadeira é o mesmo que negar-nos a voz. Mantemos a nossa posição”.

Sete selecções europeias (Inglaterra, País de Gales, Países Baixos, Dinamarca, Suíça, Bélgica e Alemanha) planeavam usar a referida braçadeira nos jogos do Mundial com o objectivo de promoverem a inclusão no futebol e a luta contra a discriminação.

No entanto, depois de a FIFA ameaçar essas equipas com sanções desportivas (nomeadamente com a amostragem de cartões amarelos aos respectivos capitães), todas elas recuaram, criticando a rigidez da organização.

Dinamarca ameaça sair da FIFA

Pouco antes da partida entre Alemanha e Japão, o presidente da Federação Dinamarquesa de Futebol, Jesper Moller, deu uma conferência de imprensa na qual afirmou que a Dinamarca está pronta para discutir uma retirada da FIFA, juntamente com outras selecções europeias, após a proibição da utilização da braçadeira “One Love”.

Citado pelo The Athletic, Moller avançou ainda que não vai apoiar uma nova candidatura de Gianni Infantino ao cargo de presidente da FIFA (lugar que este ocupa desde 2016).

Mundial marcado pela política

Desde que se atribuiu a organização do Mundial 2022 ao Qatar que este está marcado por questões políticas, e tal não mudou mesmo depois de a bola começar a rolar. O jogo, até ao momento, que melhor exemplificou isso foi o duelo entre Inglaterra e Irão (6-2).

Enquanto se ouviu o hino iraniano, os jogadores da selecção orientada por Carlos Queiroz não cantaram durante o mesmo, como forma de apoio às manifestações que se têm insurgido perante o Governo de Teerão. Estes protestos começaram após Masha Amini ter sido morta pela polícia por, alegadamente, violar o código de vestuário do “hijab”.

Esta manifestação não se cingiu aos jogadores iranianos, tendo os adeptos também apoiado os protestos ao exibirem cartazes com a mensagem “Women Life Freedom” (Liberdade de vida da mulher).

Poucos depois, aquando do apito do árbitro que iniciou a partida, os jogadores ingleses ajoelharam-se no relvado, num protesto já comum na Premier League e que simboliza a luta contra a discriminação racial.


Texto editado por Jorge Miguel Matias

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