APE aposta no debate da energia em toda a sua cadeia de valor

Assegurar a melhor gestão de talentos, informar a opinião pública e ser a referência dos conteúdos relacionados com a energia são alguns dos objectivos da Associação Portuguesa de Energia (APE).

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Criada em 1988, a APE está ligada ao World Energy Council (WE Council) que é uma organização que está presente em 90 países e que comemora 100 anos de existência, em 2023. “A Associação é o braço em Portugal do WE Council, mas com autonomia, e integra as principais entidades e empresas do sector”, explica João Torres, presidente da associação. A ligação com o WE Council permite alargar horizontes e ter uma perspectiva muito mais abrangente desta área.

Uma das principais missões passa por fazer a reflexão sobre o sector energético, devidamente integrado na cadeia de valor. “Integramos entidades públicas, empresas de energia – quer de electricidade, quer de petróleo e gás -, consultoras, empresas de serviços e industriais, grandes consumidores, entre outros e temos vindo a acompanhar as variações do sector da energia ao longo das décadas”, afirma o responsável. Não é preciso recuar muitos anos para perceber que a energia não era um tema tão aberto do ponto de vista do debate como acontece actualmente.

“Além das empresas existentes à época – quando a APE foi constituída – e que se mantiveram connosco, nasceram outros actores, diferente terminologia e novos tópicos de abordagem”, afirma João Torres. A título de exemplo, a segurança do abastecimento no nosso País não era um tema há 20 anos. “O acesso à energia antes de 1975, em Portugal, era muito limitado. Houve um processo de electrificação a seguir à formação da EDP, em 1976”, explica. “Lembro-me da chegada do tema do ambiente à agenda e não é por acaso que os empreendimentos realizados mais recentemente são sujeitos a um escrutínio muito mais exigente a esse nível, quando comparado com o que acontecia há algumas décadas”, acrescenta.

A APE definiu quatro vectores estratégicos para o período que está a viver enquanto associação que pretende criar uma rede de network para debate e partilha de ideias, a nível nacional e internacional. “É interessante perceber que o tema da energia é relevante nos vários países e que, em todos eles, existe um olhar diferente. A esse propósito, destaco uma ferramenta, um índice publicado pelo WE Council, intitulado World Energy Trilemma Index que avalia todos os países de acordo com três eixos: i) segurança e abastecimento; ii) economia e acesso à energia e iii) dimensão ambiental / sustentabilidade”, explica João Torres.

Um segundo vector estratégico da APE consiste em informar a opinião pública. Com 40 anos de carreira, o presidente da associação considera que nunca, como hoje, foi tão importante ter as pessoas informadas. “As pessoas que são mais qualificadas têm a obrigação de ter uma intervenção numa perspectiva mais independente e menos marcada por interesses pessoais. Nesse sentido, queremos fomentar esta presença nos meios de comunicação social.” Por esse motivo, o Público foi o media partner escolhido pela APE para a Portugal Energy Conference, a realizar-se no próximo dia 29 de Novembro, no Centro Cultural de Belém (CCB).

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É interessante perceber que o tema da energia é relevante nos vários países e que, em todos eles, existe um olhar diferente João Torres, presidente da APE

A gestão de talento surge como terceiro eixo da estratégia desenhada pela APE e nele estão a ser desenvolvidas algumas iniciativas. “Arrancou recentemente a sexta edição de um programa de formação em energia em cooperação com a AESE Business School onde, durante alguns meses, formamos pessoas interessadas na área da energia para ter uma visão mais abrangente do sector com uma componente de gestão.” Já são mais de 100, os participantes, e o balanço que João Torres faz “é muito positivo”. A próxima edição terá início em Fevereiro de 2023 com a participação de professores que integram a Escola de Negócios AESE e também de empresas associadas da APE. “Tem sido um sucesso, são cursos muito participados porque há muitos jovens a ganhar competências por esta via de desenvolvimento da sua carreira.”

Um outro projecto que pretende motivar a gestão de talento é o Future Energy Leaders Portugal (FELPT), um grupo de jovens sub-35 com diferentes competências (engenheiros, advogados e economistas) que actuam em empresas de energia, serviços e administração pública e que se reúnem neste fórum de partilha, de formação e de criação de uma rede de comunicação. “A partir desse grupo lançámos a iniciativa ‘Mulheres na Energia’. Tenho a profunda convicção de que o sector energético teria muito a ganhar se tivesse a participação de mais mulheres.” A APE criou um conselho consultivo com a participação de onze mulheres com uma posição de destaque no sector. “As mulheres são mais escrutinadas pela sociedade e temos de introduzir práticas para ajudar à sua participação no sector. Sou uma pessoa muito optimista e acho que esta iniciativa pode marcar pela diferença”, denota o presidente.

Por último, a APE pretende tornar-se na referência e na curadoria nos conteúdos ligados à energia daí que a aposta em seminários e conferências seja constante.

Portugal Energy Conference

A Sala Almada Negreiros, no CCB, será o palco da primeira edição presencial do Portugal Energy Conference após a pandemia, já na próxima terça-feira, 29 de Novembro. Temos vindo a divulgar esta iniciativa ao longo da última semana e João Torres não esconde a expectativa, tanto quanto aos temas em debate, como à participação de oradores “muito qualificados”, em que se incluem “os CEO das principais empresas do sector”. O programa, sob o título “Energia, Sociedade e Tecnologia”, resulta de um “trabalho exigente” e motivado de toda a equipa.

A sessão de abertura será assegurada pelo secretário de Estado do Ambiente e da Energia João Galamba e o encerramento ficará a cargo do presidente da APE, João Torres.

Nesta conferência vamos debater a energia, o impacto na sociedade e as tecnologias disponíveis. O primeiro painel diz respeito ao tema da sustentabilidade no sector energético e o segundo será sobre inovação tecnológica e descarbonização e terá como temas, o papel para os gases renováveis, o hidrogénio, os sistemas de armazenamento, o biocombustível, as questões da inovação tecnológica do sector de que todos ouvimos falar, mas onde denoto inúmeras agendas pessoais”, explica o presidente da APE.

O último painel será assegurado pelos CEOs das principais empresas do sector, para perceber como olham para o tema “Os desafios estratégicos das empresas energéticas”. Destaque ainda para duas apresentações durante o dia relacionadas com o papel das mulheres no sector da energia e com os FELPT.