OCDE também passa a prever um crescimento mais lento que o Governo

OCDE reviu em alta estimativa de crescimento para este ano para 6,7%. Mas para 2023, a previsão é agora de 1%.

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OCDE prevê abrandamento do turismo e do consumo em Portugal Paulo Pimenta

Apesar de assumir agora que a economia portuguesa irá registar um melhor desempenho do que o previsto inicialmente, a OCDE reviu esta terça-feira em baixa as suas previsões para Portugal no próximo ano, juntando-se à Comissão Europeia e ao FMI no grupo de instituições que estão mais pessimistas que o Governo em relação ao crescimento da economia em 2023.

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a economia portuguesa irá crescer 6,7% este ano, abrandando no ano seguinte para uma taxa de crescimento de 1%. Para 2024, a expectativa é apenas de uma ligeira aceleração, apontando-se para uma variação do PIB em Portugal de 1,2%.

Em Junho, da última vez que apresentou previsões para Portugal, a entidade com sede em Paris tinha apontado para um crescimento de 5,4% este ano e de 1,7% no próximo, isto é, ao mesmo tempo que reviu em alta a estimativa para este ano, a OCDE tornou-se mais pessimista relativamente ao desempenho da economia no próximo.

De facto, como já era esperado, a OCDE, à semelhança do que aconteceu com outras instituições, viu-se forçada a corrigir em alta as suas estimativas para este ano para a economia portuguesa, que, depois de uma primeira metade do ano surpreendentemente forte, ficou em condições de apontar para um crescimento acima dos 6%.

No entanto, para 2023, as perspectivas da OCDE deterioraram-se. A persistência de taxas de inflação altas, a subida de taxas de juro dos bancos centrais e a incerteza criada pela guerra na Ucrânia estão a conduzir a perdas de confiança acentuadas nas famílias e empresas, assinala o relatório publicado esta terça-feira.

A revisão da OCDE da sua previsão de crescimento de 1,7% para 1% significa que também esta instituição passou a apontar para um ritmo de crescimento inferior ao previsto pelo Governo na proposta de Orçamento do Estado que esta semana deverá ser aprovada na Assembleia da República. No OE, o Executivo trabalha com um cenário base em que a economia cresce 1,3% no próximo ano.

A OCDE mantinha-se como a única grande instituição internacional a apresentar previsões mais positivas para a economia portuguesa em 2023 do que o Governo. Neste momento, tanto a Comissão Europeia como o FMI apontam para uma variação do PIB português no próximo ano de 0,7%.

No capítulo dedicado a Portugal, os responsáveis da OCDE falam de uma “recuperação que perdeu gás”. “À medida que a retoma no consumo e no turismo se desvanece, o abrandamento da economia mundial, os preços elevados na energia, a incerteza e a subida das taxas de juro começaram a pesar na actividade”, refere o relatório.

A OCDE reconhece que, neste cenário de forte pressão sobre o consumo, “as medidas de apoio do lado da energia e a subida de salários oferecem alguma compensação”. No entanto, para além de a compensação não ser completa, é também assinalado que, do Estado, a ajuda pode ter tendência a diminuir. “O apoio da política orçamental deverá diminuir ao longo de 2023 e 2024”, afirma o relatório.

Tudo isto acontece numa conjuntura de forte abrandamento no resto da economia mundial, em particular na europeia. Em linha com o que já tinham sido as projecções intercalares apresentadas em Setembro, a OCDE prevê que o PIB mundial cresça 3,1% em 2022, abrandando para 2,2% em 2023. Para 2024, a previsão é de um crescimento de 2,7%.

Já no que diz respeito à zona euro, a previsão é a de que, depois de um crescimento de 3,3% este ano, a variação do PIB em 2023 não ultrapasse os 0,5%. O desempenho previsto para a economia europeia em 2024 continua a ser fraco, apontando-se para uma taxa de crescimento de 1,4%.

Nos Estados Unidos, o cenário projectado não é melhor, com crescimentos de 1,8%, 0,5% e 1,4% em 2022, 2023, 2024, respectivamente. Também para a China, a OCDE prevê, depois de um ano de 2022 bastante negativo para os habituais padrões do país (crescimento de 3,3%), que não seja possível regressar ao ritmo de crescimento do passado em 2023 e 2024, anos para os quais são previstas taxas de crescimento do PIB de 4,6% e 4,1%.

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