Primeira surpresa do Mundial: Argentina perde com Arábia Saudita

O triunfo da Arábia Saudita já é uma das maiores surpresas da história dos Mundiais, tal é a diferença de forças entre as duas equipas.

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Messi e o rosto do desalento Reuters/DYLAN MARTINEZ
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A festa de um dos golos dos sauditas EPA/Rungroj Yongrit
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A desilusão da selecção argentina Reuters/DYLAN MARTINEZ
Messi marcou, mas não foi suficiente para evitar a derrota perante a Arábia Saudita.
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Messi marcou, mas não foi suficiente para evitar a derrota perante a Arábia Saudita. Reuters/HANNAH MCKAY
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Momento do jogo entre a Argentina e a Arábia Saudita Reuters/DYLAN MARTINEZ
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Adeptos da Argentina EPA/Enrique Garcia Medina
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Adeptos da Arábia Saudita Reuters/AHMED YOSRI
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Adeptos da Arábia Saudita EPA/YAHYA ARHAB

Quando uma equipa de escalões secundários elimina uma formação da I Liga na Taça de Portugal, o jargão futebolístico costuma dizer que “fez Taça”. Utilizando o “futebolês” nacional, a Arábia Saudita “fez Mundial” nesta terça-feira, deitando abaixo a Argentina, uma das principais favoritas ao título mundial.

O triunfo por 2-1 foi a primeira grande surpresa deste Mundial e concorre, já ao terceiro dia, para ser um dos resultados mais inesperados de toda a competição e até mesmo da história dos Mundiais. Sauditas e argentinos não pertencem “ao mesmo campeonato”, mas nesta terça-feira, em Lusail, foram forçadas a isso.

É difícil definir com precisão se se tratou mais de incompetência argentina ou especial capacidade saudita, mas talvez a balança caia mais para a primeira premissa.

Os sul-americanos poderiam ter acabado a primeira parte com uma goleada e os sauditas, que pouco atacaram, marcaram dois golos em dois remates à baliza, ambos a abrir a segunda parte. Depois, defenderam e lutaram – e bem. Esse mérito nem o mais empedernido adepto da “albiceleste” será capaz de o tirar.

Três golos anulados

“Número 10, Lionel Messi” – argentinos foram à loucura. “Número 7, Al Faraj” – sauditas mostram o que é ir à loucura de verdade.

Este relato do momento em que foram apresentados os “onzes” de Argentina e Arábia Saudita permite ilustrar o que foi, em ambiente, o duelo desta terça-feira.

Apesar de fora do estádio os sauditas estarem calmos – e a festa era dos argentinos, mesmo que ajudados por “falsos argentinos” –, dentro do recinto foi tudo saudita. Tudo menos o futebol, pelo menos inicialmente.

Quando o esloveno Slavko Vincic apitou para o início do jogo o barulho saudita era contra-balançado pela qualidade argentina.

A equipa de Lionel Scaloni levou a jogo um sistema que era quase um 4x2x4, com Messi e Lautaro no centro do ataque e Di María bem encostado à linha lateral direita.

Contra outro tipo de adversário poderá ser útil um terceiro médio para proteger a zona central, mas, frente aos sauditas, não era necessário – tanto que o sistema chegou a ser praticamente um 3x2x5 em vários momentos.

Aos 3’, Messi, que levava os sauditas à loucura de cada vez que perdia a bola, falhou um “penálti em andamento”, numa finalização que parecia fácil. Aos 10’, os argentinos mostraram como silenciar os sauditas: basta haver um golo da Argentina e um golo de Messi.

Um agarrão na área passou em claro ao árbitro, mas o VAR viu-o. Penálti assinalado e Messi fez o 1-0.

Nesta fase, Hervé Renard não teve pudor em pedir aos seus jogadores uma linha defensiva bastante subida e isso foi música para os ouvidos de jogadores como Messi, Lautaro, Di María e Papu Gómez.

Resultado: bolas a explorar a profundidade, com passes pelo chão à procura das diagonais curtas das “formigas” argentinas.

E começaram as bolas perigosas, sempre com direito a festa dupla no estádio Lusail. Como? Simples: Golo de Messi anulado por fora-de-jogo – festejaram argentinos e festejaram sauditas logo a seguir.

A seguir, mais festa dupla: golo de Gómez anulado por fora-de-jogo. Depois, mais uma: finalização de Lautaro e mais um golo anulado por fora-de-jogo.

Eram já três golos argentinos anulados por fora-de-jogo, dois deles por margens mínimas, o que adensava uma relativa sensação de injustiça perante o que se passava em Lusail.

Pouca Argentina

A abrir a segunda parte não houve lógicas tácticas ou estratégicas que explicassem o que se passou.

Uma perda de bola de De Paul apanhou a Argentina descompensada e Al Shehri finalizou com categoria.

Aos 53’, Al Dawsari inventou um remate em arco e montou aquele que era um cenário impensável antes do jogo e impensável até mesmo ao intervalo, depois de um “festival” de desperdício argentino.

2-1 para a Arábia Saudita que, mesmo quase sem atacar, estava a vencer uma das principais favoritas ao título mundial.

Se os sauditas já se tinham mostrado barulhentos, aqui mostraram o que é loucura total, com uma festa tremenda. E o jogo parecia ser num estádio qualquer de Riade, tal era o “quentinho” criado pelos sauditas em Doha, que viam a equipa ter uma superioridade clara no plano físico, algo que foi ainda mais visível com o passar dos minutos.

Nesta fase do jogo havia uma defesa claramente mais baixa da Arábia Saudita, algo que dificultou o acesso aos argentinos aos passes verticais que tantos problemas causaram na primeira parte.

As substituições na Argentina não surtiram o efeito pretendido e, com o passar dos minutos, a equipa foi ficando mais anárquica, com o desespero de chegar rapidamente à frente.

O próprio Messi começou a prestar-se mais a situações de criação, algo que estava a evitar fazer até então, mas nem isso dotou a equipa de mais qualidade perto da área adversária.

Al Owais ia defendendo o que lhe aparecia pela frente, mas eram, em rigor, situações de fácil resolução.

Prova do desnorte argentino foi que aos 90+10’ uma jogada de ataque da equipa sul-americana não tinha um único jogador dentro da área adversária – isto aos 90+10’, reforce-se, e a perder 2-1. Não houve engenho para mais.

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